Mundicenter: Trabalhar em parceria

Desde o início da pandemia, os apoios concedidos aos lojistas somam aproximadamente 30 milhões de euros, um valor referente a descontos efectuados nas rendas. Em Abril de 2020, face à gravidade da situação, a Mundicenter tomou a iniciativa de propor aos lojistas um programa de apoio. Este programa foi, entretanto, posto em causa pela intromissão do Estado com a aprovação em Julho da chamada Lei do Variável. Alguns lojistas decidiram-se pela aplicação da referida lei, tendo a maioria celebrado um novo acordo de apoio que vigorou até final de 2020. Nos primeiros seis meses de 2021, foi aplicada uma nova lei, que garantia um desconto máximo de 50% em virtude da quebra de vendas. A partir de Julho, a Mundicenter decidiu avançar com um novo plano de apoio considerado individualmente, analisado caso a caso de forma cuidadosa, consoante as dificuldades colocadas ao funcionamento da actividade de cada lojista.

Os centros comerciais e os lojistas são parceiros e vão continuar a trabalhar juntos para criar as condições económicas e financeiras a fim de superarem os desafios futuros. Os centros comerciais não existem sem lojistas e o retalho moderno também não existe sem centros comerciais, portanto não se tem qualquer dúvida que a indústria vai criar as condições para a sustentabilidade do sector.

«Sabemos que só trabalhando em parceria – centros comerciais e lojistas – será possível ultrapassar esta situação. Temos o objectivo comum de trazer o consumidor de volta aos nossos espaços, assegurando todos os procedimentos que permitam gerar um sentimento de confiança e retoma de consumo, por isso estamos completamente alinhados e no bom caminho para continuar a superar este desafio juntos. Para que tal aconteça, há uma postura de diálogo permanente com todos os lojistas e analisada cada situação de forma individual», explica Fernando Oliveira, administrador da Mundicenter.

As práticas adoptadas pela Mundicenter tiveram sempre em consideração a segurança de todos, consumidores, lojistas e parceiros, seguindo rigorosamente as recomendações das autoridades, nomeadamente da DGS. Entre outras, realçam-se as seguintes medidas: renovação constante do ar nos shoppings, instalação de diversos dispensadores de gel desinfectante pelos espaços, sinalética em vários locais, além do apoio de uma equipa de segurança e limpeza de excelência, que está constantemente a controlar e a higienizar os espaços comuns.

«Hoje, a presença das pessoas nos centros comerciais é sobretudo para comprar. O paradigma mudou e neste momento os consumidores não estão a frequentar tanto os centros comerciais para experiências de lazer, tendência que estava em crescendo até à actual pandemia. Actualmente, o nosso footfall está maioritariamente relacionado com experiências de consumo e de compras, o que não é necessariamente mau, no momento que atravessamos. A taxa de conversão aumentou, os visitantes passam menos tempo no centro comercial, mas chegam com uma ideia em mente e o objectivo deles é avançar com uma compra, tornando-se assim numa acção mais efectiva», acrescenta Fernando Oliveira.

Sobre se houve alguma mudança nos diferentes tipos de consumidores, o responsável explica que, independentemente, dos diferentes perfis de consumidores, a mudança registou-se com o facto das experiências passarem agora a ser mais digitais, com necessidades imediatas. Tanto a Mundicenter como os lojistas/as marcas, tiveram de se modernizar ainda mais, para garantir uma entrega célere e de excelência ao consumidor. As pessoas já não querem algo por uma simples vontade ou gosto, agora procuram produtos que necessitem efectivamente, são mais selectivas e acabam por fazer uma compra mais ponderada e com menos impulso.

«A adopção do teletrabalho também teve implicações nos shoppings localizados junto de centros de escritórios. A visita à hora do almoço do consumidor corporate reduziu-se acentuadamente penalizando o sector da restauração que pelas razões que sabemos se encontra fragilizado. Assiste-se também à valorização de espaços ao ar livre como esplanadas », sublinha.

DESAFIOS

A Mundicenter manteve os investimentos que estavam em curso, e reagendou outros não prioritários. A segurança das pessoas foi sempre prioridade e, por isso, os centros comerciais são dos locais mais seguros para serem frequentados. «Sem dúvida. Mas infelizmente nem todas as pessoas tem essa percepção. O ar é constantemente renovado, com muita frequência e, temos ainda o apoio de uma reforçada equipa de segurança e limpeza, sempre no terreno. É obrigatório o uso de máscara e o número de pessoas que se encontra em simultâneo nos shoppings, e dentro de cada loja, é permanentemente controlado. Os seguranças estão constantemente a circular e atentos. Além disso, os espaços comuns estão sempre a ser higienizados, sejam as casas-de-banho e áreas de restauração, como os botões dos elevadores, maçanetas, portas e todas as áreas comuns aos centros», avisa o administrador.

Em relação aos principais desafios da Mundicenter para o futuro, existem dois grandes desafios imediatos: o primeiro prende-se com a estabilização dos lojistas, com o retomar do funcionamento normal da sua actividade; o segundo desafio é o de impulsionar o retorno das pessoas ao shopping, depois de todas as adversidades registadas no último ano e meio.

«Este período conturbado veio, no entanto, acentuar a importância da inovação e tecnologia, na experiência de compra e na chamada “viagem do cliente”. Há novos conceitos de consumo e devemos adaptá-los à nossa realidade, trazê-los para dentro dos centros comerciais numa sinergia única entre o offline e o online. O desafio está em criar momentos e iniciativas que promovam a ida ao centro comercial para além de uma simples experiência de compra e neste caso a Mundicenter está a desenvolver trabalho no sentido de identificar e estabelecer iniciativas e parcerias que promovam melhores experiências a quem nos visita», conclui Fernando Oliveira.

FUTURO

A nível da oferta comercial a tendência é que coexistam nos centros, lojas de grande dimensão que vão servir como mostruário das marcas e onde se alia um excelente serviço com a disponibilidade de soluções digitais, com espaços mais pequenos, em que alguns negócios online passam para presença física ou outros, mais arrojados que se vão apresentar em modelo pop-up. Os serviços vão ganhar maior destaque nomeadamente aqueles que estão relacionados com a área da saúde e bem-estar. «Creio que a personalização do produto e exclusividade no tratamento vão-se manter como factores diferenciadores para captar o cliente. Manter uma experiência phygital em todos os aspectos, facilidades no processo de compra e rapidez na entrega e satisfação do cliente não podem ser descuradas no presente e também no futuro.» Com toda esta situação que ocorreu mundialmente nos últimos dois anos, as pessoas dão agora mais valor e preferência às actividades no exterior, ao ar livre, e será importante, sempre que possível, os shoppings alargarem estes espaços utilizando-os para novos conceitos de restauração ou mesmo para ofertas de lazer.

SUSTENTABILIDADE

A Mundicenter tem tido várias iniciativas que visam cooperar com as comunidades na área de influência de cada shopping. Terminou a 16 de Julho a 19.ª Campanha de Recolha de Sangue do grupo Mundicenter – em parceria com o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) – que decorreu durante 10 dias nos centros comerciais Amoreiras Shopping Center, Braga Parque, Oeiras Parque e Strada Outlet e em que foram angariadas 734 unidades de sangue. No que se refere à sustentabilidade, a utilização de energias renováveis é uma prática comum em vários shoppings do grupo, bem como a separação e reciclagem, e controlo dos consumos de água e energia. «Sabemos que a sustentabilidade não é um projecto, mas algo que deve estar sempre presente na nossa agenda», diz Fernando Oliveira.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Grandes Espaços Comerciais”, publicado na edição de Agosto (n.º 185) da Executive Digest.

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