KPMG: O verdadeiro poder da aceleração digital

Com os ecossistemas para sistemas de informação e dados corporativos a continuarem a crescer em dimensão, complexidade, necessidades de integração, de conformidade e de segurança, um conjunto de tendências estão a determinar, drasticamente, o modo como as empresas e as organizações consomem – e irão consumir – tecnologia. É difícil, senão impossível, identificar um sector de actividade ou tipo de negócio que não seja impactado directamente e as empresas procuram dar resposta rápida e eficiente à necessidade urgente de criar ambientes de trabalho modernos, recursos digitais e novos modelos de negócio.

É neste contexto que a utilização eficiente de algumas tecnologias emergentes, relacionadas designadamente com dados e automação digital, estão a tornar-se um factor elementar e requisito mínimo para a competitividade. Veja-se o exemplo da automação inteligente de processos que está a deixar de ser um centro de custos para se tornar o núcleo e o músculo da tomada de decisões de negócios, com o objectivo de aumentar o crescimento, o lucro e a mitigação de riscos.

Esta mudança é parte do que na KPMG chamamos de “Aceleração Digital”, relacionada com a capacidade para definir e executar transformações com tecnologias emergentes, evoluindo a estratégia de negócio e projectando-a continuamente para aumentar a competitividade e o crescimento. Para isso acontecer, utilizamos aceleradores como recursos digitais pré-construídos, pré-configurados ou pré-integrados, para acelerar a obtenção de valor a curto prazo, que podem resultar de soluções operacionais baseadas em tecnologias específicas, incluindo as que permitem melhorar rapidamente a experiência de cliente.

Note-se que, actualmente, há muitas opções tecnológicas e a adopção de recursos emergentes, nomeadamente a utilização intensiva de dados e informação como automação inteligente de processos e a computação em nuvem, já não tem custos proibitivos. Com a redução das barreiras ao investimento, é cada vez mais viável a materialização de estratégias de “cloud first”, em que as plataformas de “low code/no code” permitem acelerar e escalar a transformação com base em novos recursos de negócio.

LOW CODE: A ESTRUTURA UNIFICADORA DA EMPRESA DIGITAL

Na KPMG, consideramos que o futuro do desenvolvimento aplicacional e automação inteligente de processos será fortemente influenciado pelo low code e pelas plataformas dos nossos parceiros – Outsystems, Appian, Servicenow, Salesforce e Microsoft Power Platform –, com os quais já temos obtido resultados relevantes em diversos casos de uso.

Estas plataformas permitem acelerar drasticamente a modernização e criação de soluções aplicacionais sofisticadas de classe empresarial, que incorporam lógica de negócios complexa, automatizam fluxos de trabalho, integram-se e orquestram os sistemas de informação existentes, permitindo uma experiência de cliente e utilizador sofisticada. Num estudo realizado em conjunto com a HFS Research (KPMG Enterprise Reboot), no rescaldo da pandemia da COVID-19, triplicou o número de executivos que consideram o low code como a abordagem mais importante para acelerar a automação digital de processos.

Esta aceleração digital e o aumento do ritmo de inovação, como resposta aos desafios e evolução constante envolvendo clientes, colaboradores, fornecedores e parceiros, enfatiza a necessidade de tecnologias inclusivas, com curvas de aprendizagem mais reduzidas que assentem na simplicidade e facilidade de utilização. Sem comprometer a capacidade para responder a um âmbito alargado de necessidades de automação, integração e modernização aplicacional, entendemos que as plataformas de low code são uma forma eficiente de reduzir a dependência de projectos de desenvolvimento tradicionais à medida, que poderão consumir mais recursos e ser mais demorados.

As plataformas de low code constituem-se assim como “estrutura unificadora” da empresa digital e são muitas as organizações de referência com que trabalhamos na KPMG que já estão a perspectivar um futuro conectado, no qual as plataformas de low code – impulsionadas pela adopção e convergência de tecnologias emergentes – unificarão as funções de front, middle e back-office.

LOW CODE NÃO SIGNIFICA LOW SKILL

O desenvolvimento de aplicativos de low code altera o referencial da construção de activos e soluções digitais de meses para semanas e dias. No entanto, sem os procedimentos correctos de governo, risco e controle implementados, o low code não só poderá falhar o cumprimento da promessa de acelerar a digitalização como potencialmente irá expor as organizações a riscos desnecessários.

A implementação de aplicativos de low code em escala empresarial exige uma abordagem estratégica, que prioriza os negócios, para resolver os desafios do cliente e construir programas significativos, flexíveis e confiáveis. Embora as plataformas de low code sejam mais simples de usar do que as ferramentas de programação tradicionais, é errado assumir que alguém sem experiência em programação pode construir aplicativos complexos, após uma ou duas sessões de formação.

Em última análise, para garantir que as soluções e as aplicações sejam realmente escaláveis, flexíveis, reutilizáveis e sustentáveis, será necessário investir tempo e formação para aprender a melhor forma de aplicar low code aos problemas de cada negócio e implementar aplicações à escala empresarial. Desde logo, porque quando o desafio é colocado nas mãos de utilizadores devidamente qualificados, a velocidade e a eficiência com que projectos complexos podem ser concluídos são incomparáveis.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Transformação Digital”, publicado na edição de Novembro (n.º 188) da Executive Digest.

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