FCH-Católica: Criar propostas de valor
Embora os cursos da FCH-Católica permitam o desenvolvimento de competências que são chave em diversas áreas, é necessário acrescentar outras que são essenciais para as organizações. Em entrevista à Executive Digest, Nuno Goulart Brandão, coordenador da Escola de Pós-Graduação e Formação Avançada (EPGFA) da FCH-Católica, explica quais os principais desafios no âmbito da formação.
O mês de Setembro será um momento de reencontro, de começar um novo ano lectivo. A partir deste momento, qual o ponto de situação actual e perspectivas para o futuro?
Este ano lectivo de 2021-2022 será um ano de transição. Por um lado, temos formações que ainda vão ser leccionadas em regime b-learning e, por outro, formações que vão voltar ao modelo presencial de ensino. No entanto, a experiência que tivemos em algumas formações que passaram para online e b-learning devido à pandemia irão manter-se nestes modelos pois permitem que formandos de todas as partes do país e de outros países possam ter oportunidade de as frequentar.
Nesse sentido, quais os maiores desafios no âmbito da formação?
Os maiores desafios passam por actualizarmos todos os nossos cursos à nova realidade que irá emergir no pós-pandemia. Embora os nossos cursos permitam o desenvolvimento de competências que são chave em diversas áreas, precisamos de acrescentar outras que são agora essenciais para as organizações na sua relação com pessoas e consumidores que agora têm novas rotinas familiares e de trabalho.
Como estão a lidar com as exigências de novas metodologias neste novo contexto digital?
Independentemente do contexto actual, a aposta no digital é já uma realidade viva há vários anos na EPGFA. São exemplos disso a pós-graduação em Social Brands – Comunicação e Marketing em Ambiente Digital; e a pós-graduação em Comunicação e Marketing de Conteúdos: Estratégias de Content Marketing para o Contexto Digital que vão na 9.ª e 8.ª edições, respectivamente. Mais recentemente, foram também lançados cursos com uma forte aposta na vertente digital como é o caso da formação avançada em Mobile Marketing e Desenvolvimento de APPS e da formação avançada em Teletrabalho, Comunicação e Mudança nas Organizações.
Quais as áreas e temas que estão a ser mais procurados?
Temos tido uma procura crescente nas áreas de comunicação aplicada, em particular em áreas que se situam no cruzamento das ciências comportamentais com o marketing e a comunicação. Paralelamente, também na área social temos tido mais alunos em cursos que visam formar pessoas para as áreas de mediação familiar, gestão de projectos sociais e/ou para a intervenção social. Depois temos também formações avançadas de curta duração que todos os anos têm muita procura e que são já ofertas clássicas da escola (embora constantemente actualizadas). Dou apenas dois exemplos: a formação avançada em Programação, Produção e Apresentação em Rádio (8.ª edição) e a formação avançada em Gestão da Reputação e Comunicação de Crise.
Que tendências de oferta e procura estão agora a ser introduzidas nos programas de formação? Cada vez mais à medida e direccionada?
Na EPGFA temos uma oferta formativa assente em 31 cursos, sendo 16 pós-graduações e 15 formações avançadas. A par disto, desenvolvemos formação customizada sempre que os nossos parceiros ou outras organizações nos solicitam. O crescimento sustentado da Escola de Pós-Graduação e Formação Avançada passou por duplicar nos últimos três anos a nossa oferta formativa e também por uma maior aposta na criação de formação customizada. No entanto, a procura poderá sempre no futuro próximo dar-nos novos sinais de programas formativos que sentimos que as organizações têm falta e, assim sendo, estaremos como sempre atentos e não deixaremos de proporcionar uma resposta a essas necessidades. Posso dar como exemplos claros dessa realidade a pós-graduação em Comunicação e Saúde Pública que já vai para a sua 3.ª edição (criada antes da crise pandémica do COVID-19); a pós-graduação em Comunicação e Psicologia Positiva: contributos para o Bem-estar nas Organizações (4.ª edição); e duas novas pós-graduações em Desenvolvimento Organizacional e Capacitação de Equipas e Pessoas (1.ª edição) e em Comunicação Estratégica (1.ª edição).
Como prevêem a procura por parte de formandos internacionais?
Temos assistido a uma crescente procura por parte de formandos internacionais e, por isso, mesmo a criação de oferta formativa direccionada para estes públicos tem estado também no plano de acção da EPGFA. Exemplos disso mesmo são os casos de duas pós-graduações que temos para este ano lectivo de 2021-2022 leccionadas em inglês e em regime b-learning. Mais precisamente, a pós-graduação em Politics of Curating Contemporary Art e a pós-graduação em Sleep Psychology.
Consideram que a expectativa de experiência de aprendizagem dos participantes, seja no online ou até no presencial, aumentou de forma exponencial?
São experiências diferentes que podem ser complementares. Quando falamos de formações que implicam o desenvolvimento de competências relacionais, o modelo presencial é muito importante mas noutro tipo de formações o online pode funcionar muito bem. Sobretudo permite que novos públicos tenham acesso a novas formações. Por isso, desenhamos cursos para ambos os modelos, ou em sistema híbrido, tirando o melhor proveito das novas tecnologias, tanto em sala de aula como fora dela, e sobretudo adaptando as sessões ao modelo de ensino.
O trabalho híbrido – dizem que veio para ficar. E, a julgar pelos dados disponíveis em estudos e inquéritos, parece que, mesmo depois de o vírus deixar de ser uma ameaça, vai continuar a ser uma opção para grande parte das empresas. Manter a cultura da empresa fora do escritório tornou-se um desafio também para as universidades?
As novas formas de encarar o trabalho já são e vão continuar a ser um enorme desafio para as empresas, o que se traduz em novas formas de encarar a gestão de pessoas, as políticas e acções estratégicas de comunicação interna. Tal irá ter impactos evidentes na cultura de cada organização. Compete assim à universidade saber dar resposta com formações que versem estas novas realidades. A EPGFA tem estado na linha da frente ao criar várias pós-graduações e formações avançadas inovadoras que problematizam estas questões. É uma clara preocupação da Faculdade de Ciências Humanas criar propostas de valor em linha com aquilo que são os desafios organizacionais em cada momento.
No âmbito da saúde mental, qual o papel das escolas/universidades no âmbito deste tema?
Acredito que as universidades têm um papel duplo: em primeiro lugar acompanhar os seus próprios estudantes e proporcionar-lhes apoio especializado nos casos em que necessitem de ajuda para lidar com problemas de saúde mental. Em segundo lugar, parece-me igualmente que este tema deve ser abordado nas próprias formações de modo a que os estudantes estejam cada vez mais despertos para as questões da saúde mental. Tal acaba por ter um impacto nas próprias organizações pois se as pessoas que formamos conhecerem sinais de alerta irão certamente ajudar futuros colegas a procurar ajuda e contribuir para um clima organizacional que potencie o equilíbrio dos colaboradores.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “MBA, Pós-graduações & Formação de Executivos”, publicado na edição de Setembro (n.º 186) da Executive Digest.