Accenture: Transformar Portugal

A Accenture assume com os seus clientes, como sempre, o compromisso de tornar esses projectos nacionais num verdadeiro sucesso. Em entrevista à Executive Digest, Sofia Marta, vice-presidente, responsável pela área de Saúde e Administração Pública da Accenture Portugal, explica como a consultora oferece os melhores recursos e experiência, aliados a uma rede global de conhecimento e expertise.

Como avalia o modelo de governação dos fundos europeus atribuídos a Portugal atrás do Plano de Recuperação e Resiliência?

O modelo de governação do PRR conta com três níveis de gestão: um primeiro nível estratégico de coordenação política, que será realizado por uma Comissão Interministerial, um segundo nível de acompanhamento, a realizar por uma Comissão de Acompanhamento, e um terceiro nível mais operacional a realizar pela nova estrutura de missão: ‘Recuperar Portugal’, que actuará em estreita articulação com a Agência de Desenvolvimento e Coesão. Creio que o relevante é que, independentemente de qual o modelo de governação, o objectivo seja ter sempre o foco na agilidade, na boa execução e nos resultados.

Quais são os principais desafios que se colocam à sua execução?

Os desafios são vários, mas diria que os principais são a simplificação e agilização de procedimentos, nomeadamente os de contratação. Sem agilização de processos é muito difícil executar este plano no tempo previsto. Precisamos de organizar projectos de transformação reais, com impacto, que nos garantam, depois, uma monitorização dos resultados obtidos.

No PT2020 a taxa de execução actual ronda os 60% e, agora, vamos ter entre duas a três vezes mais verbas disponíveis em termos de Fundos Europeus face à realidade de hoje. A dimensão do investimento e o prazo definido para a sua aplicação – no PRR três anos para 100% de comprometimento do valor – não se coadunam com os processos burocráticos actuais.

O sucesso da execução está directamente indexado à nossa capacidade de conseguir agilidade na concretização das iniciativas, retirando ao processo toda a complexidade desnecessária.

No final do dia pretende-se acrescentar benefícios e resultados à qualidade de vida das pessoas, dotando-as de mais competências e disponibilizando-lhes serviços mais inovadores e melhorar simultaneamente, a competitividade das empresas, nomeadamente por via da capacitação digital.

Acreditamos também, que existe uma oportunidade de Portugal e Espanha trabalharem numa abordagem conjunta em certas áreas prioritárias de acção relevantes para ambos os países, identificando projectos estratégicos que podem ser incluídos nos planos de financiamento europeus. Essas parcerias permitiriam explorar elementos de mobilidade, como infraestruturas comuns (caminhos-de-ferro e estradas), sustentabilidade de edifícios, baterias de lítio ou automóveis eléctricos, entre outros. Seria uma boa oportunidade trabalhar simultaneamente em aspectos relacionados com a conectividade, por exemplo, o uso industrial de 5G e satélites, algo que podemos encontrar, com certeza, na agenda dos dois países.

E quais são as maiores dificuldades à sua aplicação por parte do Estado, visto que os fundos são muito exigentes quer em matéria dos seus objetivos, quer do entorno legislativo?

Uma Administração Pública mais moderna e digital é um pilar fundamental para suportar uma economia mais próspera e resiliente.

O PRR em articulação com os restantes instrumentos em implementação nesta década, nomeadamente o PT2020, e o futuro PT2030, totalizam cerca de 60 mil milhões de euros em subvenções para Portugal, sendo os 13,9 mil milhões do PRR a fundo perdido. Esta é uma oportunidade única para darmos resposta às necessidades de curto prazo do nosso País, mas ao mesmo tempo, não podemos negligenciar o médio e longo prazo, é essencial que o Estado tenha uma visão estratégica.

Um dos principais desafios tem a ver com a escolha acertada dos projectos a financiar. É essencial apostar naqueles que são transformadores, estruturais e que geram realmente impacto e valor.

Não podemos esquecer que temos hoje, a oportunidade única e real de fazer crescer a economia, gerar emprego de qualidade, reforçar a coesão social e promover o desenvolvimento sustentável.

Se conseguirmos ter um sector público moderno e digital, que trata o cidadão como cliente, e melhorarmos os índices de eficiência para atender mais e melhor, conseguimos ao mesmo tempo ter um sector empresarial privado mais competitivo.

Estamos diante de um momento histórico que exigirá o melhor de nós para sermos mais digitais, tecnológicos, sustentáveis e inovadores.

Como é que empresas como a Accenture podem ajudar o Estado a ser mais eficiente neste campo?

É essencial criar caminhos bem definidos, que permitam que a informação flua e que mantenha os respetivos interlocutores coordenados. Podemos ter neste ponto um papel essencial, apoiando a rapidez do processo e tornando a estrutura administrativa mais célere, eficiente e claro, transparente. Diria que existem três pontos chaves nos quais o apoio de uma consultora será necessário, ao nível da coordenação técnica e gestão das iniciativas; na implementação dos próprios projetos transformacionais e inovadores, bem como no controlo e monitorização dos resultados.

A questão da fiscalização e transparência tem sido muito discutida. Existe uma forma eficaz de assegurar esta transparência?

No passado o tema da transparência e real impacto da aplicação dos fundos sempre foi algo controverso e isto não pode acontecer com este pacote que agora vem para Portugal, pelo que é crucial garantir a implementação de um modelo de transparência e monitorização sobre a boa aplicação dos fundos. Queremos todos estar dentro de cinco anos com o cumprimento do plano definido no PRR. Para isso, é importante a monitorização dos resultados ao longo deste período para corrigir os desvios que se vão verificar, de forma a garantir o cumprimento dos objectivos definidos. Os resultados e responsabilidades implicam um alinhamento claro com indicadores e métricas que determinam o sucesso.

A União Europeia (UE) dotou-se do maior pacote orçamental de apoio ao desenvolvimento e coesão dos seus estados membros. Na sua opinião, esta é uma oportunidade única para transformar Portugal?

O Plano de Recuperação e Resiliência é uma oportunidade única para dar resposta às necessidades de curto prazo, mas com uma visão estratégica de médio e longo prazo poderá trazer mais-valias muito significativas ao País.

Vamos ter à nossa disposição, uma parte muito relevante de verbas a ‘fundo perdido’, uma oportunidade única para Portugal, e dificilmente repetível nos próximos anos. O principal desafio que temos pela frente é aproveitar estes fundos para realizar investimentos com benefícios claros na qualidade de vida das pessoas, melhorando o desempenho das empresas, os serviços da Administração Pública assim como as infraestruturas fundamentais para o sucesso do País.

Esta é uma oportunidade para transformarmos Portugal num País mais rico, melhor para se viver, trabalhar e no qual se queira investir em negócios.

Esta é a oportunidade de transformar a estrutura da nossa economia, fazê-la ganhar em qualidade e resiliência. Não temos dúvida de que Portugal tem a capacidade, o conhecimento, a experiência e o talento certos para enfrentar este desafio e para conceber, desenvolver e executar o projecto do País com a garantia de total sucesso.

Que serviços disponibiliza a vossa empresa para apoiar as empresas portuguesas no acesso aos fundos comunitários?

A forma de acesso aos fundos do PRR será à partida um pouco distinta dos mecanismos em prática nos Quadros Comunitários de Apoio, como o PT2020. Existe ainda alguma incerteza e falta de informação sobre o acesso a estes investimentos, pelo que as empresas estão ainda um pouco perdidas.

Em geral, os portugueses são muito bons a executar projectos de infraestruturas, mas não tanto a executar projectos de transformação digital e ambiental.

Nós, Accenture, queremos ajudar os nossos clientes a tirarem o melhor partido possível da mudança, pretendemos ser aceleradores, e dar escala às iniciativas. Ajudamos a garantir que há uma melhor colaboração entre todo o ecossistema, comunidade académica e científica, terceiro sector, associações empresariais, empresas públicas e privadas, bem como uma colaboração multissectorial, que facilite a execução de projectos de transformação envolvendo diversas áreas – cibersegurança, cloud, mobilidade, 5G, entre outos.

Quais as soluções oferecidas pela vossa consultora aos clientes?

A Accenture, como empresa de referência nas vertentes estratégica e tecnológica, ajudará certamente as empresas e a Administração Pública neste caminho. Não é apenas uma questão de acesso aos fundos, as organizações precisam de ajuda para se transformar e reinventar, para capacitar os seus empregados e converter-se em negócios mais sustentáveis. Esta nova realidade é caracterizada pela mudança, pela incerteza e volatilidade. Os actuais modelos de negócio já não garantem o êxito no futuro, por isso há que transformá-los, e o caminho da transição digital tem de ser feito de forma consciente e segura.

Quais os factores diferenciadores da vossa empresa face à concorrência?

Somos uma empresa de serviços profissionais end-to-end e temos com os nossos clientes uma relação de parceria e colaboração efectiva. Asseguramos toda a componente de definição estratégica, capacitação do cliente em termos tecnológicos, digitais e de operação.

Temos uma oferta consolidada de soluções tecnológicas flexíveis e escaláveis, muitas baseadas na cloud, que permitam potenciar os dados de forma segura, valorizando processos de transformação e inovação mais rápidos com impacto significativo nos resultados dos nossos clientes.

A Accenture assume com os seus clientes, como sempre, o compromisso de tornar esses projectos nacionais num verdadeiro sucesso. Para fazer isso, como os maiores integradores de tecnologia do mundo, ofereceremos os melhores recursos e experiência, aliados a uma rede global de conhecimento e expertise.

O que devem ter em conta as empresas portuguesas que optem por se candidatar aos fundos?

Que este deve ser um caminho sem retorno, ou seja, estes fundos implicam planos de crescimento sustentável de longo prazo e uma dupla transição para uma sociedade mais ecológica e digital.

É a sua oportunidade de se transformarem e adaptarem para serem competitivas neste mundo global, seja por via da qualificação ou requalificação dos seus recursos, da aposta na inovação, digitalização ou exportação.

As PME são das que têm mais dificuldade em aplicar fundos comunitários na União Europeia. Como é que este problema pode ser contornado?

Portugal tem hoje a 34ª posição do ranking global de competitividade empresarial segundo World Economic Forum.

Participei recentemente no 7º fórum empresarial, em Sever do Vouga, organizado pela AIDA e alguns dos temas apontados como os mais relevantes nesta temática foram a capitalização das empresas, a exportação, atracção de investimentos, capacitação e aproximação ao meio académico, e a escala.

Tal como dizia Luis Valente de Oliveira recentemente em entrevista ao Expresso “Para o país convergir com a Europa existem vários ingredientes fundamentais: inovação, qualidade, seriedade, confiança, rigor, exigência… É preciso parar de pulverizar as verbas em pequenos projetos sem escala suficiente para desenvolver o país.” – creio que o tema das sinergias que podem ser obtidas com a escala de iniciativas maiores, mais completas e estruturais, que abranjam o nosso tecido empresarial, onde 99% são PMEs (96% são micro empresas), é fundamental para termos efetivamente impacto e conseguirmos que os fundos comunitários contribuam para uma economia mais competitiva e sustentável.

Quais são as “regras de ouro” numa candidatura aos fundos comunitários?

Eu salientaria três regras de ouro: Planeamento detalhado de projeto sólido com milestones bem definidas; Alinhamento com os resultados e impactos previstos para a tipologia/ambito de apoio, Previsão de mecanismos de monitorização e melhoria contínua ao longo da execução do projecto, para garantia de concretização dos impactos esperados.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Fundos Comunitários”, publicado na edição de Julho (n.º 184) da Executive Digest.

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