
Ucrânia: MNE ucraniano recebeu homólogo português para “conversa entre amigos”
O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, descreveu hoje o encontro que manteve em Kiev com o seu homólogo português, João Gomes Cravinho, como uma conversa entre amigos que “estão preparados para se apoiar mutuamente”.
João Gomes Cravinho chegou hoje a Kiev para uma visita oficial de um dia que coincide com o 31.º aniversário da independência da Ucrânia, mas também com os seis meses da guerra que a Rússia iniciou em 24 de fevereiro.
“Foi uma conversa entre amigos que se entendem muito bem e que estão preparados para se apoiar mutuamente”, disse Kuleba no final do encontro, em declarações recolhidas pela RTP.
Kuleba assinalou que a visita de Cravinho tem um significado especial por ocorrer num dia importante para a Ucrânia.
Recordou que Cravinho esteve em Kiev há um ano, quando “representou Portugal na cimeira da Plataforma da Crimeia”, a península ucraniana anexada em 2014 pela Rússia.
Na altura, João Gomes Cravinho era ministro da Defesa e assistiu também às comemorações oficiais dos 30 anos da independência da Ucrânia.
“Acabámos de conversar sobre o apoio que temos recebido de Portugal e de outros países da UE”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano sobre o encontro.
Kuleba disse que Cravinho também o informou sobre a comunidade ucraniana que vive em Portugal.
“Louvou-a por ser uma parte importante da sociedade”, disse.
Numa mensagem divulgada pouco depois de chegar a Kiev, João Gomes Cravinho disse que era portador de uma “mensagem de solidariedade, e de apoio político, militar, financeiro e humanitário” de Portugal.
No âmbito do apoio à Ucrânia, Portugal vai participar, com outros países, na reconstrução de escolas na região de Jitomir, a cerca de 150 quilómetros de Kiev, onde se estima que tenham sido destruídos cerca de 70 estabelecimentos de ensino.
A iniciativa integra-se num vasto plano de reconstrução que o Governo ucraniano divulgou em julho que prevê um investimento a 10 anos de 750.000 milhões de dólares (mais de 754.900 milhões de euros, ao câmbio atual).
O investimento inclui os custos das reformas necessárias relacionadas com a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE).
A Ucrânia, que integrou a União Soviética, declarou a independência em 24 de agosto de 1991.
O país foi invadido pela Rússia em 2014, de que resultou a anexação da Crimeia e uma guerra separatista apoiada por Moscovo nas regiões de Donetsk e Lugansk, no Donbass (leste).
A Rússia invadiu novamente a Ucrânia em 24 de fevereiro, para “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho, desconhecendo-se o custo dos primeiros seis meses de guerra em vidas humanas.
As duas partes têm anunciado baixas que infligem uma à outra, na ordem das dezenas de milhares, evitando mencionar as perdas próprias.
No entanto, na segunda-feira, o chefe militar da Ucrânia, general Valeri Zaluzhnyi, admitiu a morte de cerca de 9.000 soldados ucranianos.
O último balanço referido pela Rússia data de 25 de março, quando Moscovo admitiu 1.341 mortos e 3.825 feridos entre as suas forças.
As baixas civis também estão por contabilizar, mas a ONU já confirmou a morte de mais de 5.500 pessoas, alertando, porém, que o balanço será consideravelmente superior.
A guerra também gerou cerca de 12 milhões de refugiados e deslocados internos, segundo a ONU.
A Escola de Economia de Kiev avaliou os prejuízos materiais até agora em 113.500 milhões de dólares (mais de 114.200 milhões de euros, ao câmbio de hoje).