Covid-19: Companhias aéreas europeias com apoios estatais negociados de mais de 25 mil ME
Os apoios dos Estados europeus já fechados às companhias aéreas ultrapassam os 25 mil milhões de euros, com os valores mais elevados a caberem à Lufthansa e à Air France, segundo as contas da Fitch Ratings.
Num artigo publicado no seu ‘site’, com data de 30 de junho, a agência de ‘rating’ compilou os valores já aprovados às transportadoras, incluindo uma injeção estatal de até 1,2 mil milhões de euros a aplicar na TAP, empréstimo fora da esfera de apoio devido ao impacto da pandemia de covid-19, uma vez que a empresa já se encontrava numa situação financeira débil antes do surto.
A Fitch concluiu que, desde março, as companhias aéreas europeias receberam mais de 25 mil milhões de euros em apoio direto à liquidez, dos quais quase 19 mil milhões de euros correspondem a medidas direcionadas, aprovadas diretamente pela Comissão Europeia (CE).
Em 25 de junho, a CE aprovou uma ajuda estatal da Alemanha ao grupo aéreo Lufthansa, num total de 9 mil milhões de euros.
A aprovação surge após a Lufthansa e o Governo alemão terem chegado a acordo sobre um plano de ajuda, com o Estado a tornar-se o maior acionista do grupo, com 20% do capital.
Este montante, de acordo com a Fitch, divide-se entre 6 mil milhões de euros de um Fundo de Estabilização Económica alemão e 3 mil milhões de euros de garantias do Estado.
A Lufthansa, que detém a Austrian Airlines, injetou ainda 150 milhões de euros na companhia austríaca, que viu também aprovado um empréstimo de 300 milhões de euros, 90% garantidos pelo Estado.
A Alemanha aprovou, por fim, um empréstimo garantido pelo Estado alemão de 550 milhões de euros à Condor e uma garantia de 1,8 mil milhões de euros à Tui.
Por sua vez, o Governo francês anunciou um total de 15 mil milhões de euros de ajuda à indústria aeronáutica afetada por novo coronavírus, incluindo a fabricante de aviões Airbus e a companhia aérea nacional Air France, sendo que à transportadora cabe um montante de 7 mil milhões de euros.
No valor alocado à Air France estão incluídos 90% de garantias do Estado para um empréstimo de 4 mil milhões de euros e mais 3 mil milhões de euros concedidos pelo Estado francês, como acionista da transportadora.
A Fitch dá ainda conta de auxílios da Finlândia, à Finnair, de 286 milhões de euros em contribuições para recapitalizar a companhia aérea e de mais 600 milhões de euros em garantias para um empréstimo concedido ao grupo.
A SAS – Scandinavian Airlines System, uma transportadora multinacional, da Suécia, Noruega e Dinamarca, conta com garantias tanto da Suécia como da Dinamarca para dois empréstimos de 137 milhões de euros.
O Governo sueco viu ainda aprovado um esquema de garantias para transportadoras aéreas com uma licença comercial de aviação do país, no valor de 455 milhões de euros.
A Fitch Ratings compilou ainda várias outras iniciativas de apoio público e dos bancos centrais às companhias aéreas.
Entre elas, destacam-se medidas do Banco de Inglaterra para apoio à British Airways e à Ryanair. No primeiro caso, a instituição comprou em maio 331 milhões de euros em papel comercial, um valor inferior aos 663 milhões de euros de compras semelhantes na companhia aérea ‘low cost’.
O Banco de Inglaterra usou o mesmo instrumento, no âmbito de um programa de apoio para combater o impacto da covid-19, na easyJet (663 milhões de euros) e na Wizz Air (331 milhões de euros).
Espanha optou também, para já, por conceder 750 milhões de euros em garantias à Iberia e 260 milhões de euros à Vueling, através do Instituto de Credito Oficial, uma espécie de banco do fomento espanhol.
A Noruega, no caso da Norwegian Air Shuttle, optou pela conversão de dívida em capital, possibilitando assim o acesso a uma garantia do Estado de perto de 280 milhões de euros, de acordo com a Fitch.
A grega Aegean Airlines foi alvo de uma garantia de 150 milhões de euros de um fundo da Grécia de apoio às empresas prejudicadas pela covid-19 e na Letónia a Air Baltic viu aprovada uma injeção de 250 milhões de euros em capital, aumentando a posição do Estado para 91%, face aos 80% que detinha.