Bill Gates. Será ele o médico mais poderoso do mundo?

A Fundação Bill e Melinda Gates vai doar 100 milhões de dólares – cerca de 90 milhões de euros – para ajudar a desenvolver uma vacina para o novo coronavírus, limitar sua propagação e melhorar o diagnóstico e o tratamento de pacientes. “A nossa esperança é que estes recursos ajudem a catalisar uma resposta internacional rápida e eficaz. Esta resposta deve ser guiada pela ciência, não pelo medo, e deve basear-se nos passos que a Organização Mundial da Saúde deu até o momento”, avançou Mark Suzman, CEO da Fundação. A maior parte do valor doado vai ser utilizado para acelerar a descoberta, o desenvolvimento e teste de vacinas, tratamentos para o novo coronavírus.

Na última década, o segundo homem mais rico do mundo (com uma fortuna de 103 mil milhões de dólares) tornou-se também o maior doador da Organização Mundial da Saúde, depois da decisão de Trump. “O Bill Gates é tratado como chefe de Estado, não só na OMS, mas também no G20″”, disse uma fonte citada pelo site Politico.

Seja no desenvolvimento de uma vacina para combater o novo coronavírus ou na luta para erradicar doenças como a malária e a poliomelite, o casal já terá ajudado a evitar 10 milhões de mortes no futuro devido à sua colaboração com a Gavi Alliance, uma parceria de entidades públicas e privadas cujo objetivo é melhorar o acesso à vacinação nos países pobres e a salvar 27 milhões de pessoas graças ao Fundo Global contra a sida, a tuberculose e a malária. Gates admite não conhecer alguém que tenha salvado mais vidas. As vacinas são tão simples, eficazes e baratas que se tornaram uma obsessão para ele. “Para mim, o grande paradoxo é que as vacinas existem e que, apesar disso, haja crianças que continuam a morrer de doenças provocadas pelo rotavírus quando podíamos ajudar facilmente”, explicou ao jornal The Sunday Times.

Em 2016, o fundador da Microsoft e o ministro das Finanças britânico anunciaram um investimento de quatro mil milhões de euros para os próximos cinco anos para combater a malária, “o assassino mais mortífero do mundo”. “No que toca a tragédia humana, nenhuma criatura se aproxima da devastação causada pelo mosquito”, pode ler-se. “Ambos acreditamos que um mundo livre de malária tem de ser uma das mais elevadas prioridades globais na saúde”, afirmam. O fundo será composto por 500 milhões de libras (661 milhões de euros) por ano do orçamento britânico para ajuda ao exterior, nos próximos cinco anos, bem como 200 milhões de libras (264 milhões de euros) este ano da The Gates Foundation, a que se seguirão outras doações. Em 2015 registaram-se 438 mil mortes por malária, a maioria de crianças com menos de cinco anos em África, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

Em África, Gates é considerado por muitos presidentes como “um homem bom”, melhor do que alguns “ocidentais bem-intencionados mas pouco realistas” ou “salvadores brancos”. Bill e Melinda Gates, gasta anualmente cerca de 400 milhões de dólares na procura de um medicamento contra a Sida, revelou à imprensa, garantindo que continuará a fazê-lo no futuro. O desenvolvimento de “uma vacina é um trabalho grande de financiamento para a nossa fundação. Mas, mesmo no melhor dos casos (isso vai acontecer) em cinco anos ou talvez dez”, disse. No entanto, por agora, encontrar uma cura para a Sida ainda não parece realista, acrescentou Bill Gates. “A primeira prioridade é, sem dúvida, uma vacina. Se tivéssemos uma vacina que pudesse proteger as pessoas, poderíamos conter a epidemia”, afirmou o milionário.

A Fundação do casal (criada com o apoio de Warren Buffett) também já anunciou que irá contribuir com cinco milhões de euros para a investigação de uma vacina contra o vírus de Ébola. Ainda assim, nas Nações Unidas há quem esteja preocupado com a excessiva dependência do dinheiro do milionário. Alguns responsáveis temem que ele possa um dia mudar de ideias e desviar parte da fortuna para outras áreas.

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