O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o chefe de Estado egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, vão copresidir hoje à cimeira internacional pela paz em Gaza, que reunirá mais de 20 líderes mundiais na estância balnear egípcia de Sharm el-Sheikh. O encontro, que decorre depois da recente trégua entre Israel e o Hamas, pretende consolidar o cessar-fogo, promover a estabilidade regional e definir o futuro político da Faixa de Gaza.
O objetivo da cimeira
De acordo com a Presidência do Egito, a reunião tem como meta “pôr fim à guerra na Faixa de Gaza, reforçar os esforços para alcançar a paz e estabilidade no Médio Oriente e inaugurar uma nova era de segurança regional”.
A iniciativa surge após meses de negociações mediadas pelo Egito e pelo Qatar, que culminaram na libertação de reféns e num cessar-fogo sustentado.
O encontro de hoje será também uma oportunidade para discutir os próximos passos do plano de paz de 20 pontos apresentado por Trump, que tem orientado as negociações recentes. Entre os temas em debate estarão o futuro governo de Gaza após o fim dos combates e o destino do Hamas, cuja presença política e militar continua a ser uma questão central.
Quem participa na cimeira da paz em Gaza?
Donald Trump, que antes de viajar para o Egito fez uma visita relâmpago a Israel, discursando no Knesset e reunindo-se com as famílias dos reféns, chega a Sharm el-Sheikh com o objetivo de “avançar para uma paz duradoura”. À partida, o presidente norte-americano afirmou aos jornalistas: “A guerra acabou.”
O anfitrião Abdel Fattah al-Sisi, por seu lado, tem desempenhado um papel central nas negociações desde o início do conflito. Segundo uma fonte citada pela Reuters, o convite do Egito a Trump para fazer uma “volta da vitória” pela região visa garantir que o cessar-fogo se mantém e que as conversações avançam.
Entre os líderes árabes, destaca-se a presença do Emir do Qatar, Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani, um dos principais mediadores do processo, que tem procurado associar o sucesso da trégua ao envolvimento direto de Trump.
O líder palestiniano Mahmoud Abbas também participará no encontro. O plano de paz dos EUA mantém aberta a possibilidade de a Autoridade Palestiniana assumir um papel em Gaza — ainda que condicionado a reformas internas —, uma hipótese que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, rejeitou até ao momento.
A lista completa de participantes
Entre os mais de 20 dirigentes confirmados estão:
- Emmanuel Macron, presidente de França
- Recep Tayyip Erdoğan, presidente da Turquia
- Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido
- Pedro Sánchez, primeiro-ministro de Espanha
- Giorgia Meloni, primeira-ministra de Itália
- António Costa, presidente do Conselho Europeu
- António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas
- Ahmed Aboul Gheit, secretário-geral da Liga Árabe
- Rei Abdullah II da Jordânia
- Ahmad Al Abdullah Al Sabah, primeiro-ministro do Kuwait
- Rei Hamad bin Isa Al Khalifa, do Bahrein
- Prabowo Subianto, presidente da Indonésia
- Ilham Aliyev, presidente do Azerbaijão
- Friedrich Merz, chanceler da Alemanha
- Kyriakos Mitsotakis, primeiro-ministro da Grécia
- Nikol Pashinyan, primeiro-ministro da Arménia
- Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria
- Shehbaz Sharif, primeiro-ministro do Paquistão
- Mark Carney, primeiro-ministro do Canadá
- Jonas Gahr Støre, primeiro-ministro da Noruega
- Mohammed Shia al-Sudani, primeiro-ministro do Iraque
A amplitude do encontro reflete a importância global da crise de Gaza e o esforço para assegurar que o cessar-fogo se transforma num processo político de longo prazo.
Quem fica de fora?
Apesar do peso político da reunião, Israel não enviará representantes. Um porta-voz do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu confirmou no domingo que o país “não participará na cimeira”.
Também o Hamas estará ausente. Um membro do seu gabinete político declarou que o movimento “não estará envolvido”, explicando que o grupo “atuou principalmente através de mediadores do Qatar e do Egito” nas conversações anteriores.
O Irão, por sua vez, recusou o convite do Egito. Segundo a imprensa estatal iraniana, o presidente Masoud Pezeshkian e o ministro dos Negócios Estrangeiros Abbas Araghchi decidiram não participar. Na rede social X, Araghchi escreveu: “Nem o Presidente Pezeshkian nem eu podemos envolver-nos com homólogos que atacaram o povo iraniano e continuam a ameaçar e a sancionar-nos”, numa referência direta aos Estados Unidos.
A ausência do Irão deve-se também ao agravamento das tensões entre Teerão, Washington e Telavive, após ataques conjuntos dos EUA e de Israel contra instalações nucleares iranianas durante a guerra de 12 dias em junho.
O que está em jogo?
A cimeira de Sharm el-Sheikh poderá definir os contornos da nova ordem política em Gaza e marcar um ponto de viragem no Médio Oriente. Trump procura transformar o acordo de cessar-fogo num pilar da sua política externa e num legado diplomático, enquanto o Egito tenta reafirmar o seu papel de mediador regional incontornável.
Resta saber se a diversidade de participantes e a ausência de alguns protagonistas-chave permitirão alcançar o objetivo ambicioso de “inaugurar uma nova era de segurança e estabilidade” no Médio Oriente.














