A ferro e fogo: pelo menos 200 pessoas detidas em França na sequência dos violentos protestos. Veja as imagens

Bruno Retailleau, ministro do Interior francês demissionário, indicou ter havido “cerca de 50 ações de desconflito” realizadas pela polícia

Francisco Laranjeira
Setembro 10, 2025
11:14

As autoridades francesas já realizaram “quase 200 detenções”, avançou o jornal gaulês ‘Le Monde’, citando o ministro do Interior demissionário, Bruno Retailleau, que indicou ter havido “cerca de 50 ações de desconflito” realizadas pela polícia. Segundo o responsável francês, a noite foi “bastante calma” e “o dia [da mobilização] começou muito cedo”. “Essas ações confirmaram o que suspeitávamos, o que nos havia sido relatado pelos nossos serviços de inteligência”, acusou.

Para o ministro demissionário, o ‘Bloquons tout’ [‘Bloqueiem tudo’] “não é uma mobilização cidadã”. O movimento “foi sequestrado, confiscado, capturado pelo movimento de extrema-esquerda e ultraesquerda apoiado pelo movimento ‘insoumis’ [França Insubmissa (LFI, esquerda radical)]”,, dando por exemplos um autocarro incendiado em Rennes, uma operação de sabotagem no sudoeste com cabos elétricos numa estrada, o que paralisou o tráfego entre Toulouse e Ach, e um ataque de morteiro contra a polícia e contra um veículo de resgate e assistência a vítimas de um bombeiro.

Condenando os “atos inaceitáveis”, Retailleau também deplorou “aqueles políticos eleitos (…) que, nas redes sociais, têm slogans a convocar à insurreição, revolta ou mesmo violência”. “A partir do final da manhã, haverá comícios e manifestações”, apontou, alertando para os “grupos mais violentos que tentar-se-ão infiltrar”.

Pelo menos 75 pessoas foram detidas em Paris e na área metropolitana antes das 8 horas (7 horas de Lisboa), de acordo com a polícia, que tem seguido as diretrizes do ministro do Interior francês, para intervir rapidamente e tentar impedir os manifestantes do movimento “Bloqueiem Tudo!”, que foi convocado durante o verão nas redes sociais e prometia ser semelhante aos “Coletes Amarelos”.

Em Paris, onde os comboios registam atrasos significativos e várias escolas e universidades estão encerradas, os manifestantes estão maioritariamente localizados em zonas da periferia, em pontos estratégicos a leste e a norte da cidade, como na Porta de Bagnolet e na Porta da Chapelle, onde passam as principais autoestradas.

Na capital francesa, estão mobilizados pelo menos 6.000 polícias e gendarmes, que intervêm nos protestos localizados pela cidade desde a meia-noite.

Em Marselha, onde a situação está menos controlada, várias centenas de pessoas montaram barricadas desde o início da manhã para interromper a circulação de veículos e do elétrico.

O oeste do país está particularmente mobilizado, em Nantes e em Rennes, o trânsito ficou interrompido nas periferias, segundo a Bison Futé, órgão de informação sobre o trânsito, tendo a polícia de recorrer a gás lacrimogéneo para tentar dispersar várias centenas de manifestantes num dos cruzamentos da autoestrada em Rennes que estava bloqueada.

Em Toulouse, cerca de 200 manifestantes bloquearam durante menos de uma hora uma rotunda, com barreiras, pneus e tudo o que encontraram nas proximidades, e ainda estenderam uma faixa preta com a frase “Macron explosão” numa estrada.

Já em Bordéus, as forças da ordem rapidamente desbloquearam um dos depósitos da rede de elétricos da cidade.

A Confederação Geral do Trabalho (CGT), que também se juntou ao protesto juntamente com outros sindicatos, contabilizou 700 ações em empresas ou infraestruturas estratégicas do país.

É esperado que ao longo do dia, os bloqueios, greves e manifestações ganhem força por todo o país, contudo o ministro do Interior mobilizou 80 mil polícias.

É esperado que ao longo do dia, os bloqueios, greves e manifestações ganhem força por todo o país, contudo o ministro do Interior mobilizou 80.000 polícias e gendarmes para tentar impedir qualquer ação de bloqueio, que ocorre em plena crise política e com uma crescente contestação contra o presidente francês, Emmanuel Macron, pela sua liderança e políticas de austeridade.

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