Do outro lado do espelho: Eduardo Santini, Administrador da Santini

“Transfiro muita coisa do Crossfit para o dia a dia”. É assim que Eduardo Santini, administrador da Santini, fala da paixão pelo seu desporto de eleição e de como isso o influencia na gestão da empresa.

Filipe Gil
Julho 28, 2025
13:00

Os dias de Eduardo Santini começam bem cedo. Antes das 8h30 da manhã já está nas instalações da empresa, em Carcavelos, para liderar a equipa de produção de gelados e gerir as 16 lojas – que muito em breve serão 17. Entre as decisões e as diversas reuniões da empresa fundada pelo seu avô, Attilio, em 1949 na praia do Tamariz no Estoril, Eduardo tem sempre uma certeza: o seu treino na box [nome dos locais onde se treina Crossfit] começa às 17h30. É com isso em mente que gere o dia. Mas o Crossfit, que pratica há quase 12 anos, não foi a sua primeira “paixão” desportiva. Conta que, a certa altura, teve necessidade de fazer desporto. Começou com umas breves corridas no paredão de Cascais para, pouco tempo depois, participar em provas amadoras.
Contudo, apesar de gostar muito de correr, começou a sentir a necessidade de ter que fazer fortalecimento muscular e, numa pesquisa, depressa chegou aos vídeos de uma modalidade que na altura começou a ter bastante sucesso: o Crossfit.
O passo seguinte foi inscrever-se numa box e em pouco tempo ficou «viciado», diz. E explica as suas razões: «dos exercícios que se fazem, à forma como nos sentimos, ao espírito de comunidade e às amizades que se criam, e que ainda hoje perduram, tudo contribuiu para me dedicar cada vez mais e deixar a corrida». Continuando a comparação, indica mais razões para o Crossfit ter ganho o duelo de desportos: «É diferente. Acabamos por treinar quase sempre com os mesmos, e o sofrimento em equipa cimenta algumas relações. Há grande entreajuda e acabamos por criar um espírito de camaradagem muito grande. Mesmo quem não consegue acompanhar certos ritmos de treino, sabe que há sempre alguém a puxar. Nunca estamos sozinhos e nunca fica ninguém para trás. Além disso, qualquer pessoa pode fazer Crossfit, em qualquer condição, e mesmo se houver alguma lesão, é perfeitamente escalável para essas situações».

O que é o Crossfit
Quando se pergunta a Eduardo Santini afinal o que é esta modalidade, criada nos anos 2000 nos Estados Unidos da América, e que tem conquistado milhares de portugueses, o empresário não disfarça o sorriso, «o Crossfit é uma série de movimentos praticados com barra e equipamentos de musculação que são facilmente usados no dia-a-dia. Existem barras, pesos, há pesos pesados, mas fazem-se, sobretudo, com o aproveitamento do movimento do corpo. É difícil explicar, mas são exercícios bem pensados, feitos de maneira segura, porque ninguém levanta mais quilos do que aquilo que consegue. É tudo muito bem estudado de forma a não nos magoarmos e é diferente da musculação».
E se na corrida entrava em competições amadoras, Eduardo Santini não quer repetir a experiência no Crossfit. «Já fiz algumas competições internas na box, mas, e sei que não há muita gente com esta opinião, acho que a competição no Crossfit estraga um pouco o espírito de equipa. Há sim uma prova que faço todos os anos, que se chama Open, e que é uma competição mundial de Crossfit que depois dá acesso a uma espécie de jogos olímpicos da modalidade, e como é feito pelas diferentes boxes há muito espírito de equipa. Já nas competições internas há uma rivalidade que eu não gosto nada, e acho que estraga um bocado o espírito».
Tal como já referido umas linhas acima, Eduardo treina todos os dias com exceção do domingo, mas nem sempre foi assim: «No início, ia duas a três vezes por semana, mas depois comecei a ir mais vezes, porque faz falta à cabeça, limpa a mente, limpa o stress. E é por isso que gosto muito de treinar ao final da tarde. É a maneira ideal de acabar o dia». E na Santini sabem da importância que o gestor dá ao seu desporto. «Intuitivamente, todos na empresa sabem que as minhas reuniões têm de acabar às 17 horas, porque depois tenho treino. Mas o meu dia começa bastante cedo, pelas 8h30, para acompanhar toda a produção e a gestão das lojas, portanto, tenho o dia todo preparado para poder ir treinar». 

As lições para a gestão
«O espírito de sofrimento». É isso que Eduardo Santini retira do Crossfit para a gestão da sua empresa. Explica uma das formas que aprendeu com o desporto: «nos treinos dividimos o esforço que fazemos e passamos a pensar de maneira diferente, ou seja, se tiver de fazer 100 repetições, não conto de 0 a 100, mas divido o esforço e conto em parcelas mais pequenos, para ser mais fácil de gerir». Além disso, explica que a relação com as pessoas, o espírito de equipa e de camaradagem do Crossfit é depois replicado na empresa, «transfiro muita coisa do Crossfit para o dia a dia», sublinha.
Atualmente,  é uma espécie de evangelizador do Crossfit, mas com parcimónia. «Eu diria que somos todos. Já tentei convencer alguns amigos sobre as vantagens da prática, mas depois deixei-me disso. Tenho noção de que posso ser maçador. Mas diria que todo o “crossfitter” é um evangelizador da sua modalidade».
Sobre o futuro, diz que tem ouvido muita gente a falar da passagem do Crossfit para outra nova modalidade: «Chama-se Hyrox e aproveita alguns dos movimentos do Crossfit mas tem mais corrida, mais exercícios de cardio, e tem movimentos mais repetitivos. Não sou grande fã».
A finalizar a conversa com a Executive Digest, que decorreu numa manhã de sol na gelataria de Carcavelos, é difícil não perguntar se Eduardo Santini faz Crossfit para comer gelados ou se é o contrário. «Na verdade, comecei a fazer desporto por causa dos gelados. Agora consigo controlar a parte de consumo, até porque o Crossfit tem uma parte de nutrição muito interessante. Mas às vezes, no dia-a-dia e com a falta de tempo para comer, recorro aos gelados para ter forças para ir treinar». 

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