COVID-19 faz disparar comunicações: portugueses estão a falar mais ao telemóvel

O tráfego de comunicações electrónicas tem vindo a aumentar devido às medidas de combate ao contágio do novo coronavírus, com um subida de 47% na voz e 52% nos dados, segundo dados hoje divulgados pelo regulador Anacom e reportados pela agência Lusa.

De acordo com a estimativa da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), com os dados mais recentes reportados até 24 de Março pelos três maiores operadores – Altice Portugal (Meo), Nos e Vodafone Portugal –, registou-se um acréscimo de 47% no tráfego de voz face ao período anterior à pandemia.

Na voz móvel o aumento foi de 41% e na voz fixa a subida de tráfego foi de 94%. Em termos de tráfego de dados, cujo aumento foi de 52%, no móvel o crescimento foi de 24% e no fixo de 54%.

A Anacom refere que, segundo a informação disponível, “registaram-se alterações significativas nos padrões de utilização dos serviços de comunicações electrónicas”, como o crescimento do tráfego de voz fixa, “que contrasta com a redução verificada em anos anteriores (em 2019 este tipo de tráfego diminuiu 15%)”. O tráfego de voz fixa estava em queda desde o início de 2013.

“Por outro lado, o peso relativo da voz fixa aumenta em relação à voz móvel (que cresce menos do que a voz fixa)”, observa a Anacom.

“Acentuou-se igualmente o crescimento do tráfego de banda larga fixa (53,7%), que estava em desaceleração (cresceu 29% em 2019)”.

O regulador liderado por João Cadete de Matos estima que “o tráfego médio por acesso fixo continue a aumentar (era de 131 GB/mês em 2019) e se afaste ainda mais do tráfego médio por acesso móvel (4 GB/mês em 2019), visto que o tráfego de dados móvel está a crescer a taxas inferiores ao tráfego fixo”.

A Anacom destaca que esta evolução está “em consonância com as boas práticas que são recomendadas para prevenir congestionamentos das redes, nomeadamente ‘usar sempre que possível o telefone fixo em detrimento do móvel para fazer chamadas’ e ‘sempre que possível usar a ligação wifi em detrimento da banda larga móvel'”.

De acordo com a informação de alguns prestadores, “o perfil de utilização ao longo do dia não se alterou de forma significativa, notando-se apenas uma maior redução do tráfego às horas das refeições e um aumento generalizado do tráfego no período 07:00-23:00, com um pico às 22:00”, refere.

A Autoridade Nacional de Comunicações afirma que “não foram reportados congestionamentos relevantes” e que vai continuar a “exercer activamente as suas competências e monitorizará permanentemente a situação”.

Isto inclui averiguar “regularmente junto dos operadores como é que o Covid-19 está a impactar nas suas actividades, como está a evoluir o tráfego, se existem situações de congestionamento das redes decorrentes de aumentos da procura, se existem constrangimentos ao nível dos fornecimentos, que medidas estão a ser adoptadas, incluindo em termos de proteção de colaboradores que possam ser críticos para as actividades dessas empresas, o tipo de articulação que está ser efectuada com outras entidades, nomeadamente no que respeita à protecção civil, e ainda a forma como se estão a processar as comunicações de emergência”.

No actual contexto, em que há um vasto conjunto de pessoas confinadas no domicílio em regime de teletrabalho e a usar Internet, a Anacom alerta “para as fraudes que a PJ, GNR e Centro Nacional de Cibersegurança estão a detetar”, salientando que “é importante estar atento aos alertas das autoridades e divulgá-los sempre que possível pela rede de contactos, para pôr termo a estas práticas”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da COVID-19, já infectou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil. Portugal regista hoje 76 mortes associadas à COVID-19, mais 16 do que na quinta-feira, e o número de infectados subiu para 4.268, segundo o boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde.

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 2 de Março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de Março e até às 23:59 de 2 de Abril. Além disso, o Governo declarou no dia 17 o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.

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