A Lituânia vai disponibilizar vagas gratuitas no ensino de enfermagem para centenas de jovens no próximo ano letivo, numa medida que visa responder à escassez de profissionais de saúde no país e garantir o futuro do seu sistema nacional de saúde. O programa conta com financiamento da União Europeia e procura inverter o défice de enfermeiros, causado pelo envelhecimento da população e pela saída de profissionais do sector.
De acordo com o Ministério da Saúde lituano, o novo programa prevê a atribuição de 535 vagas em cursos de enfermagem totalmente financiados pelo Estado para o ano académico de 2025-2026. Estas vagas serão distribuídas por 10 instituições de ensino superior, entre universidades e colégios. Este número representa um aumento de 100 vagas face ao ano anterior.
Além destas, será disponibilizado um número semelhante de lugares não financiados. Contudo, os estudantes que ocuparem estas vagas pagas poderão beneficiar do reembolso das propinas caso aceitem trabalhar durante dois anos em centros de saúde designados após a conclusão da formação. A poupança estimada para cada aluno que opte por esta via poderá variar entre os 10.500 e os 16.400 euros, segundo dados oficiais.
Incentivo ao regresso às comunidades locais
O Ministério da Saúde da Lituânia sublinha que, após terminarem o curso, os futuros enfermeiros serão encorajados a regressar às suas localidades de origem para o cumprimento do período de serviço obrigatório. Os profissionais poderão escolher trabalhar em várias áreas da enfermagem, incluindo cuidados gerais, urgência, psiquiatria, pediatria, entre outras.
«Gostaríamos de convidar os jovens recém-licenciados e outros interessados a ligarem o seu futuro a uma missão nobre, extremamente necessária para o Estado — a profissão de enfermagem», afirmou Laimutė Vaidelienė, vice-ministra da Saúde da Lituânia, numa declaração oficial citada pela comunicação social local. A responsável acrescentou: «Ser enfermeiro é mais do que um trabalho; é a oportunidade de ajudar, cuidar, ser necessário, contribuir para a saúde das pessoas, o bem-estar público e a preservação da vida, além de permitir um crescimento constante como pessoa e como especialista».
O programa será financiado com 17 milhões de euros provenientes da União Europeia, no âmbito de um esforço mais amplo para combater a escassez de enfermeiros em vários Estados-membros. Esta carência resulta não apenas do envelhecimento das populações, que exige mais serviços de saúde, mas também da reforma e abandono da profissão por parte de muitos profissionais.
Os dados mais recentes do Eurostat revelam a dimensão do problema na Lituânia: em 2022, o país contava com 27,6 diplomados em enfermagem por 100 mil habitantes, colocando-se na 11.ª posição entre 33 países europeus com dados disponíveis. Porém, 51,5% dos enfermeiros lituanos tinham 55 anos ou mais, a taxa mais elevada do continente. A entrada de enfermeiros estrangeiros no país tem sido residual, o que obrigou o governo a procurar soluções para assegurar a renovação dos quadros.
Esta medida insere-se num conjunto de iniciativas que vários países europeus têm vindo a adotar para lidar com os desafios que afectam as suas forças de trabalho no sector da saúde. A pressão demográfica e o aumento das necessidades em cuidados médicos, sobretudo devido ao envelhecimento populacional, obrigam a respostas urgentes e inovadoras para garantir a sustentabilidade dos sistemas de saúde.













