Contrabando de cigarros custa 42 milhões de euros ao Estado português em 2024

Apesar de Portugal se destacar no combate ao comércio ilícito de tabaco, as perdas fiscais associadas ao contrabando de cigarros ascenderam a 42 milhões de euros em 2024, segundo o mais recente relatório da KPMG sobre o consumo ilícito de tabaco na Europa.

André Manuel Mendes
Junho 12, 2025
10:24

Apesar de Portugal se destacar no combate ao comércio ilícito de tabaco, as perdas fiscais associadas ao contrabando de cigarros ascenderam a 42 milhões de euros em 2024, segundo o mais recente relatório da KPMG sobre o consumo ilícito de tabaco na Europa.

O estudo, encomendado pela Philip Morris International (PMI), empresa da qual a Tabaqueira é subsidiária em Portugal, revela que, em Portugal, foram consumidos cerca de 200 milhões de cigarros de origem ilícita, o que corresponde a 2,4% do total de cigarros consumidos no país – uma das taxas mais baixas da União Europeia. Ainda assim, o impacto nas contas públicas permanece significativo.

Este valor representa uma ligeira melhoria face aos 44 milhões de euros perdidos em 2023 e uma descida acentuada quando comparado com os 113 milhões registados em 2021, reforçando o papel das políticas fiscais equilibradas e da cooperação eficaz com as autoridades no combate ao fenómeno.

A nível europeu, o consumo de cigarros ilícitos atingiu os 38,6 mil milhões em 2024, o valor mais elevado desde 2015 e um aumento de 10,8% face ao ano anterior. Este aumento provocou uma quebra estimada de 14,9 mil milhões de euros nas receitas fiscais da União Europeia. França continua a ser o maior mercado ilícito, com 18,7 mil milhões de cigarros consumidos ilegalmente, o equivalente a 37% do total europeu. Só em território francês, a perda fiscal terá sido de 5,4 mil milhões de euros.

O relatório sublinha que os chamados “brancos ilícitos” – cigarros legalmente fabricados mas vendidos em mercados onde não têm autorização – atingiram os 8,2 mil milhões de unidades, enquanto os cigarros falsificados representaram 15,3 mil milhões, uma subida de 20,2% face a 2023.

Para a PMI, aumentos abruptos de impostos e medidas regulatórias extremas alimentam o mercado ilegal, colocando em risco a saúde pública, a segurança e a competitividade económica. A empresa defende uma abordagem baseada em dados, com tributação previsível e reforço da aplicação da lei.

Em Portugal, Marcelo Nico, diretor-geral da Tabaqueira – subsidiária nacional da PMI – sublinha o papel da cooperação com as forças de segurança, como a Guarda Nacional Republicana (GNR), no combate ao contrabando. “proteger a integridade da cadeia de valor é fundamental – não apenas para garantir condições de concorrência leal, mas também para salvaguardar a nossa competitividade e o contributo económico que damos ao país”, refere.

O relatório da KPMG incluiu pela primeira vez dados sobre o consumo ilícito de produtos de tabaco aquecido, estimando 400 milhões de unidades consumidas ilegalmente em 2024 na Europa. Embora Portugal não surja com dados relevantes neste segmento, a PMI alerta que políticas semelhantes às que favoreceram o mercado ilícito de cigarros podem vir a replicar o problema em novos produtos.

No total, em 2024, os 38 países analisados – entre os quais os 27 da UE, Reino Unido, Suíça, Noruega, Ucrânia e Balcãs – consumiram 52,2 mil milhões de cigarros ilícitos, o que representa 10% do consumo total, e perdas fiscais de 19,4 mil milhões de euros.

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