Discórdia na casa de banho: Trump avança contra restrições de Biden à “liberdade” das sanitas, chuveiros e máquinas de lavar

A recém-iniciada presidência de Donald Trump volta a colocar em destaque uma das suas bandeiras mais peculiares: a defesa da “liberdade” para sanitas, chuveiros, máquinas de lavar roupa e outros equipamentos domésticos. Esta iniciativa insere-se numa ampla estratégia para reverter regulamentações ambientais implementadas em administrações anteriores, alegando que estas restringem a liberdade de escolha dos consumidores.

Esta ‘batalha’, recorde-se, não é nova: durante o seu primeiro mandato, Trump criticou publicamente as regras que limitavam a quantidade de água usada por sanitas e chuveiros, considerando-as inadequadas. “As pessoas estão a fazer descargas de 10 vezes, 15 vezes, em vez de apenas uma”, afirmou em 2019, num discurso na Sala Roosevelt da Casa Branca, destacando a sua insatisfação com a eficiência dos equipamentos domésticos.

As medidas visavam aumentar a eficiência energética e reduzir o consumo de água, mas Trump argumentou que estas resultaram em inconveniências para os consumidores. Em resposta, a sua administração aprovou leis que relaxavam estas regulamentações, permitindo o uso de equipamentos com maior consumo de água.

Com a chegada de Joe Biden à presidência, as medidas de Trump foram revertidas, retomando os padrões anteriores de eficiência ambiental. No entanto, com o retorno de Trump à Casa Branca, a administração está novamente a inverter o rumo, propondo a eliminação dos padrões de eficiência em favor de uma maior liberdade de escolha para os consumidores.

A situação tem gerado um intenso debate jurídico e político. Procuradores republicanos têm contestado as reversões implementadas por Biden, levando o caso ao Departamento de Energia. Esta disputa ilustra o contínuo embate entre políticas de eficiência ambiental e as promessas de desregulamentação de Trump.

Mais do que sanitas: uma agenda ampla
As sanitas não são o único foco da nova administração. Num documento recente, a Casa Branca destacou que as ações de Trump na área da energia permitirão aos consumidores escolher não apenas os seus aparelhos de uso diário, mas também os seus veículos e fontes de iluminação. Esta abordagem reflete uma visão mais ampla de desregulamentação que coloca o consumo no centro das prioridades.

Trump já havia manifestado a sua aversão às novas lâmpadas LED, associando-as ao aumento dos custos e a uma iluminação que, segundo ele, o fazia parecer “mais laranja”. A administração de Trump prometeu permitir aos americanos a liberdade de optar por lâmpadas incandescentes, que consideram mais económicas e eficazes.

Estas mudanças estão alinhadas com o Projeto 2025 da Heritage Foundation, um plano conservador que visa desmantelar regulamentos considerados excessivos e promover uma agenda de desregulamentação. O documento defende o fim de muitos parâmetros de eficiência, favorecendo o consumo e a liberdade de escolha dos consumidores.

No final, a batalha de Trump pelas sanitas e outros aparelhos domésticos é apenas um capítulo numa narrativa mais ampla de confrontação com políticas ambientais, colocando a questão: até que ponto deve o consumo prevalecer sobre a sustentabilidade?