Marcelo pede “recato” e “peso pedagógico” nas operações policias após polémica com PSP no Martim Moniz
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta sexta-feira que as operações policiais devem ser conduzidas com “recato” e “respeitando as regras constitucionais e legais”. As declarações foram feitas em resposta às críticas à intervenção policial no Martim Moniz, em Lisboa, ocorrida na quinta-feira, uma operação que envolveu seis mandados judiciais e que tem gerado polémica.
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que, apesar de ainda não ter visto as imagens da operação — devido a compromissos em Cabo Verde —, está atento às críticas e ao impacto gerado. O Presidente sublinhou que a segurança pública deve ser exercida com cautela, evitando a exposição excessiva que possa comprometer o seu “peso pedagógico” ou desvalorizar a afirmação das instituições.
“A segurança deve ser exercida respeitando as regras constitucionais e legais, e com algum recato, por uma questão de afirmação das instituições e do carácter pedagógico que requer essa intervenção”, declarou.
Marcelo comprometeu-se a informar-se sobre os detalhes da intervenção para avaliar se houve o equilíbrio necessário.
“Tenho que ver até que ponto houve esse equilíbrio de intervenção, embora, à primeira vista, pareça ter sido o cumprimento de uma decisão judicial, com intervenção do Ministério Público, para fins específicos”, adiantou.
A operação da Polícia de Segurança Pública (PSP) no Martim Moniz tem sido alvo de críticas por parte da oposição e do presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior. Contudo, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, saiu em defesa da ação policial, descrevendo-a como “muito importante” para reforçar a proximidade entre as forças de segurança e a comunidade, bem como para aumentar a perceção de segurança entre os cidadãos.
“Muitas vezes, não é preciso que haja muitos crimes para que as pessoas se sintam inseguras”, afirmou Montenegro, destacando o papel da operação na criação de visibilidade e tranquilidade.
Marcelo Rebelo de Sousa reforçou que a avaliação da operação é fundamental para garantir que as intervenções futuras respeitem os princípios constitucionais e que o uso da exposição mediática não comprometa o significado das ações de segurança.
A intervenção no Martim Moniz reacendeu o debate sobre a transparência e o equilíbrio nas ações policiais, colocando o tema na agenda pública e política em Portugal, e valendo críticas às forças policias e Governo do PSD/CDS-PP por parte da oposição, particularmente do PS.
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