Duches a quatro euros? Noruega pode cortar ligações de eletricidade com o resto da Europa

O aumento nos preços da eletricidade na Europa, esta quinta-feira – causado principalmente pelas importações da Alemanha -, gerou revolta em todo o norte da Europa.

A Noruega avançou mesmo que está a considerar cortar alguns dos cabos de ligação da sua rede elétrica com o resto da Europa para isolar o seu mercado da influência estrangeira – Terje Aasland, ministro norueguês da Energia, classificou a situação de “absolutamente terrível”. “Entendo muito bem que as pessoas estejam com raiva”, salientou.

No sul da Noruega, a explosão de preços fez com que moradores e empresas tivessem de pagar mais de 13 coroas (1,12€) por kWh nos horários de pico — o que significa que um banho de cinco minutos custaria cerca de 4 euros a preços de mercado. “Isso é mais alto do que as taxas mais extremas durante a crise na Ucrânia”, garantiu um analista de energia à emissora estatal ‘NRK’.

Nos últimos dias, devido à ausência de sol e vento, a grande frota de centrais de energia renovável – turbinas eólicas e centrais fotovoltaicas – na Europa Ocidental quase não gerou eletricidade.

Na maioria dos países, as chamadas centrais de energia de base confiáveis ​​compensam a folga, como centrais nucleares, hidroelétricas ou a gás. Mas, desde que a Alemanha fechou todas as suas centrais nucleares — as últimas três pararam a geração na primavera de 2023 — agora tem uma capacidade de produção de base mais limitada.

A Alemanha depende de centrais de energia a carvão e planeou novas turbinas a gás, mas a construção destas últimas está muito atrasada. Portanto, o país teve de compensar o déficit – quase um quarto do consumo nos horários de pico esta quinta-feira – com importações de eletricidade de outros países, aumentando os preços de mercado.

Os cabos de corrente contínua de alta tensão (HVDC) de Skagerrak (Noruega) têm capacidade de 1,7 GW e são o elo mais forte da Noruega com a rede europeia. Os cabos precisam ser reformados em 2026, mas esses planos estão agora sob revisão.

A crise energética alemã também causou polémica na Suécia. Ebba Busch, ministra da energia sueca e vice-primeira-ministra, não escondeu a irritação para com Berlim, de onde a Suécia importa eletricidade. Os aumentos de preços no seu país foram um resultado direto da saída alemã da energia nuclear, denunciou. “Se o vento não soprar, esse sistema elétrico falhado vai dar-nos preços altos”, salientou Busch.