Gelo marinho do Ártico pode derreter por completo até ao verão de 2027, alertam cientistas

Quase todo o gelo marinho do Ártico pode derreter até o verão de 2027, alertou esta terça-feira um grupo de cientistas internacionais: de acordo com o jornal britânico ‘The Guardian’, o gelo marinho – a água do mar congelada que flutua na superfície do oceano – na região diminuiu para níveis quase históricos, numa das áreas de aquecimento mais rápido do planeta. O dia em que a maior parte do gelo desaparecer preocupa os investigadores, que não têm a certeza de que repercussões isso pode vir a ter.

Um estudo publicado na revista científica ‘Nature Communications’ apontou que o Ártico estará “sem gelo” quando tiver menos de um milhões de quilómetros quadrados de gelo: a menor quantidade de gelo marinho, que se reforma com a mudança das estações, num dia deste ano foi de 4,27 milhões de quilómetros quadrados.

“Os modelos climáticos mostram que, a menos que consigamos ficar abaixo de 1,5 graus Celsius globalmente na média climatológica, o que está a tornar cada vez menos provável a cada mês, é garantido que veremos condições sem gelo neste século”, denunciou Alexandra Jahn, professora associada de ciências atmosféricas e oceânicas na Universidade do Colorado (Estados Unidos) e coautora do estudo.

O Ártico já perdeu cerca de metade do seu gelo marinho, em comparação com a década de 1980 no final do verão. Sabe-se que mais aquecimento atrasou a formação de gelo e resultou num crescimento mais fino do gelo marinho. O gelo é mais fácil de derreter e quando é fino, formam-se mais tempestades na primavera e no verão, o que pode quebrar o gelo e acelerar ainda mais o derretimento do mesmo: estas mudanças têm acontecido durante vários anos consecutivos, o que levou a uma redução maciça no gelo marinho do Ártico.

Os modelos projetaram que as tempestades e ondas de calor continuarão a aumentar no futuro, à medida que o clima continua a aquecer. “As emissões continuam a aumentar, estamos a ter anos quentes recordes ano após ano, e isso está a levar a mudanças em todos os aspetos do sistema climático”, reforçou Jahn, salientando que estas mudanças, e uma “tempestade perfeita”, pode trazer um dia sem gelo “mais cedo do que a maioria das pessoas espera”.

“Quando atingirmos condições sem gelo, a maior parte do Oceano Ártico, 94% dele, não terá mais gelo. Então, estamos a ir de um oceano Ártico branco para um oceano Ártico azul. E então, visualmente, essa é uma mudança realmente grande e realmente ilustra o quanto os gases de efeito estufa antropogénicos podem mudar o ambiente natural”, explicou Jahn.

Com base em dados de satélite do ‘National Snow and Ice Data Center’, os investigadores estão certos de que o Ártico perderá mais gelo: a maioria dos modelos previu que o primeiro dia sem gelo poderia acontecer de entre 9 e 20 anos após 2023, independentemente de como os humanos alterem as suas emissões de gases de efeito estufa.

Ler Mais





Comentários
Loading...