Como vai evoluir a população mundial até 2100? Este mapa mostra as diferenças
O Gabinete dos Censos dos Estados Unidos revelou projeções detalhadas sobre as mudanças populacionais globais até o final do século XXI. Entre os destaques, estão o aumento significativo da população mundial, de 8,1 mil milhões para 10,9 mil milhões de pessoas, e uma alteração no maior grupo etário global, que passará dos atuais 10-14 anos para 35-39 anos. No entanto, estas mudanças demográficas não serão uniformes em todos os países, com regiões a enfrentarem realidades muito distintas.
A África subsariana será a região com o maior crescimento populacional até 2100. A República Democrática do Congo, por exemplo, tem atualmente uma taxa de crescimento de 3,1% e verá a sua população subir de 115 milhões para 584 milhões.
Especialistas apontam que esta expansão populacional, particularmente em países com uma estrutura etária jovem, pode aumentar os riscos de conflito. O Instituto de Estudos de Desenvolvimento indicou que “há fortes evidências que ligam populações jovens a um maior risco de conflitos”. A organização destacou os chamados bulges juvenis (explosões demográficas de jovens) como um fator que eleva a probabilidade de instabilidade.
China e India: desafios da transição etária
China e Índia, os dois países mais populosos do mundo, enfrentam realidades contrastantes. Com populações atuais de cerca de 1,4 mil milhões cada, ambos verão mudanças significativas.
Na China, o impacto da antiga política de filho único será evidente, com uma queda na população para 662,8 milhões até 2100. O maior grupo etário será o de 75-79 anos, refletindo uma sociedade envelhecida e uma taxa de crescimento negativa de -0,03%.
Já na Índia, apesar de um pico populacional previsto de 1,6 mil milhões em 2060, a população deverá recuar para 1,4 mil milhões até 2100. O maior grupo etário será o de 65-69 anos. Apesar da transição demográfica, a Índia manterá uma taxa de crescimento atual de 0,72%, sustentando uma significativa população jovem até meados do século.
Rússia e o impacto da guerra e da baixa fertilidade
A Rússia enfrenta uma das quedas mais acentuadas de população, passando de 140 milhões hoje para 95 milhões em 2100, apesar de uma taxa de fertilidade relativamente elevada de 2,52 nascimentos por mulher.
Segundo o Atlantic Council, os principais fatores incluem uma elevada taxa de mortalidade exacerbada pela guerra, emigração em massa para escapar ao recrutamento militar e baixas taxas de imigração.
Estagnação populacional na Coreia do Sul; EUA dependentes de imigração
A Coreia do Sul apresenta o cenário mais dramático em termos de fertilidade. Com uma média de 0,68 filhos por mulher – a taxa mais baixa do mundo –, o maior grupo etário do país em 2100 será o de 85-89 anos.
O declínio acentuado na fertilidade nos últimos 10 anos está relacionado a uma combinação de fatores, incluindo a falta de equilíbrio entre trabalho e vida familiar, elevados custos com educação e desigualdade salarial de género. Movimentos sociais, como o protesto feminista 4B, que encoraja as mulheres sul-coreanas a evitarem relações e maternidade, têm também contribuído para esta tendência.
Para combater a crise demográfica, o governo sul-coreano lançou políticas ambiciosas, como subsídios mensais de 1 milhão de won (cerca de 712 dólares) para famílias com bebés com menos de um ano, melhores condições de licença parental e apoio habitacional.
Com uma taxa de crescimento de 0,47% e uma média de 1,63 filhos por mulher, os Estados Unidos não atingem a taxa de fertilidade necessária para manter uma população estável (2,1 filhos por mulher). Apesar disso, a população deverá crescer ligeiramente, de 336,5 milhões para 365,6 milhões, devido à imigração.
O maior grupo etário nos EUA passará de 30-34 anos atualmente para 60-64 anos em 2100, destacando o envelhecimento da sociedade.
As previsões demográficas para 2100 sublinham os desafios diversos que cada país enfrentará. Desde o crescimento explosivo em África até ao envelhecimento acentuado em países como China e Coreia do Sul, a transição populacional moldará as economias, as políticas e as dinâmicas sociais ao longo do século.