Reino Unido emite alerta urgente aos viajantes sobre vírus mortais que se espalham em 17 países – incluindo a doença “hemorragia ocular”

As autoridades britânicas alertaram, esta semana, para uma “tripla ameaça” de vírus letais que se espalharam por mais de uma dezena de países em todo o mundo: a estirpe do clade I do vírus Mpox, Marburg ou Oropouche, por exemplo, já foram detetadas em 17 países, incluindo um ponto crítico nas Caraíbas.

O aumento de casos relacionados com o vírus Marburg tem assustado especialmente as autoridades do Reino Unido, ao tornar-se num dos agentes patogénicos mais mortíferos alguma vez descobertos: já matou pelo menos 15 pessoas no Ruanda, com centenas de pessoas a serem monitorizadas por suspeita de infeção. Teme-se que o vírus, que faz com que os doentes sangrem nos olhos, se possa espalhar para outras nações africanas.

O vírus Oropouche – apelidado de “febre da preguiça” –, entretanto, espalhou-se fora da sua distribuição habitual na América do Sul para o ‘hotspot’ de inverno das Caraíbas, a República Dominicana.

Já o clade I, uma forma mutante separada do Mpox, está atualmente a espalhar-se desenfreadamente em África, com alguns casos também registados no Canadá, no Reino Unido e na Suécia.

O alerta foi emitido pelo ‘Travel Health Pro’, um site da Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido (UKHSA), que ajuda a manter os britânicos informados sobre os mais recentes conselhos de saúde em viagem.

O vírus Marburg é uma febre hemorrágica – em que os órgãos e vasos sanguíneos são danificados, causando hemorragia interna ou nos olhos, boca e ouvidos. O vírus, que não tem uma vacina licenciada, pode ser transmitido ao tocar ou manusear fluidos corporais de uma pessoa infetada, objetos contaminados ou animais selvagens infetados. Os doentes infetados tornam-se “parecidos com fantasmas”, desenvolvendo frequentemente olhos profundos e rostos inexpressivos. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), tem um taxa de letalidade de até 88%, ou seja, mata quase nove em cada 10 pessoas que infeta.

De acordo com a ‘Travel Health Pro’, os viajantes britânicos devem “marcar uma consulta com o seu profissional de saúde pelo menos quatro e seis semanas antes da viagem”. Já quando estiverem no estrangeiro, os britânicos devem também evitar participar em rituais fúnebres ou funerários, visitar os curandeiros tradicionais e manusear, cozinhar ou comer carne selvagem. Devem também evitar visitar minas ou grutas de morcegos e evitar o contacto com todos os animais selvagens; vivos ou mortos, especialmente morcegos, acrescentaram.

O vírus Oropouche, por sua vez, gerou alarme com mais de 10 mil casos confirmados só este ano: foram registados surtos específicos no Brasil, Bolívia, Colômbia, Cuba, Equador, República Dominicana, Guiana, Peru e Panamá.

O vírus – que tem o nome do animal em que foi inicialmente detetado – não tem vacina nem tratamento específico. É conhecido por causar dor de cabeça, dores musculares, rigidez articular, náuseas, arrepios, sensibilidade à luz e vómitos. No entanto, pode atravessar rapidamente a barreira hematoencefálica e entrar no sistema nervoso central, onde pode causar meningite e, em casos extremos, matar.

Os conselhos da ‘Travel Health Pro’ passam por avisar as pessoas nas áreas afetadas a usarem repelente de insetos, camisas de mangas compridas e calças compridas para reduzir o risco de picadas. “Devido à recente descoberta do vírus Oropouche no sémen, os viajantes e os seus parceiros preocupados com a possibilidade de espalhar o Oropouche através do sexo, devem considerar o uso de preservativos ou não ter relações sexuais durante a viagem e durante seis semanas após o regresso.”

A análise da atual estirpe Oropouche sugere que esta se tornou mais eficiente na infeção de pessoas e isto pode estar por detrás do aumento de casos e em áreas onde não tinha sido observado antes.

Por último, a variante clade I de Mpox, que foi detetada no Ruanda, Burundi, República Centro-Africana, Congo, República Democrática do Congo, Gabão, Quénia e Uganda. Em agosto último, a OMS declarou a estirpe como uma emergência de saúde pública de preocupação internacional.

O Mpox causa lesões protuberantes características, bem como febre, dores e fadiga. No entanto, num pequeno número de casos, pode entrar no sangue e nos pulmões, bem como noutras partes do corpo, quando se torna fatal.

As vacinas mpox atuais, que são concebidas para atuar na varíola, um parente próximo do vírus mpox, foram utilizadas durante o surto de 2022 contra a estirpe mais leve. Mas ainda precisam de ser amplamente testados contra a variante mais potente do clade 1b.

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