Israel aceita acordo com Hezbollah: Netanyahu aponta três razões para cessar-fogo mas deixa aviso
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, aceitou esta terça-feira os termos do cessar-fogo com o Hezbollah, após reunião do Gabinete de Segurança de Israel.
Netanyahu irá recomendar ao seu Governo a aprovação de uma proposta de cessar-fogo com o movimento xiita libanês Hezbollah, cuja votação estava prevista para ainda hoje. Não ficou imediatamente claro quando é que o cessar-fogo entrará em vigor, e os termos exatos do acordo não foram divulgados.
O acordo não afeta a guerra de Israel contra o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, que não mostra sinais de terminar.
“Destruímos a maior parte das capacidades aéreas do Irão, assim como das suas capacidades nucleares. Essa é a maior das nossas ameaças para garantir o nosso futuro. Temos de desmantelar os batalhões do Hamas, estamos determinados a fazer regressar os reféns um a um – estamos comprometidos com a destruição do Hamas”, começou por dizer o líder israelita. “Estamos a agir em todas as frentes do terror.”
“No Líbano, passou-se um ano, já não é o mesmo Hezbollah. Já não é o mesmo Hezbollah, fizemos recuá-los muitos anos, prendemos diversos pessoal de topo, milhares de terroristas e destruímos infraestruturas subterrâneas dos terroristas. Atacámos pontos estratégicos do Líbano e fizemos cair dezenas de edifícios em Beirute. Cidadãos de Israel, há três meses parecia ficção científica, mas não é. Nós conseguimos fazê-lo”, apontou. “Não queria abrir uma nova frente no Líbano. Por isso escolhemos especificamente como e onde retaliar.”
“Estou determinado a dar aos nossos heróis tudo o necessário para salvar as vidas. E é por isso que vou propor um acordo, cuja duração depende do que acontece no Líbano: mantemos a liberdade militar e se o Hezbollah atacar, se disparar mísseis, atacaremos”, precisou.
“Porquê fazer um cessar-fogo agora? Há três razões principais. A primeira, focarmo-nos na frente iraniana. A segunda, refrescar a nossa força militar – e não é segredo que tem havido atrasos em trazer mais armas, que vai terminar em breve. A terceira razão é separar a frente da guerra com o Hamas, que pressionou o Hezbollah para agir. Agora o Hezbollah já não o vai fazer e isso vai ajudar-nos a trazer os nossos reféns. Fomos atacados em sete frentes e retaliámos, mas estamos a mudar a face do Médio Oriente”, concluiu.
De acordo o mais recente rascunho desta proposta, ficou estipulado um período de 60 dias durante o qual o Exército israelita se retirará do sul do Líbano, as forças militares do Líbano ficam colocadas na fronteira e o movimento xiita pró-iraniano Hezbollah de recuar para além do rio Litani.
Durante esse período, o Hezbollah e o exército israelita retirar-se-ão do sul do Líbano para deixar o exército libanês destacado na região.
A proposta inclui a criação de um comité internacional para monitorizar a aplicação do acordo, acrescentou o portal de notícias.
Segundo a mesma fonte, os Estados Unidos teriam dado garantias de apoio à ação militar israelita no caso de atos hostis por parte do Hezbollah.
De acordo com a ‘CBS News’, a equipa de transição do presidente eleito Donald Trump foi atualizada sobre o acordo de cessar-fogo pendente entre Israel e o Hezbollah, acrescentando que via o plano de forma favorável. O presidente em exercício dos Estados Unidos, Joe Biden, vai fazer uma comunicação ao país a partir das 20 horas.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, apontou que o acordo de cessar-fogo finalizado entre Israel e o Líbano aumentará os esforços para garantir o fim da guerra em Gaza. “Uma das coisas que o Hamas procurou desde o primeiro dia foi colocar outros na luta, criar múltiplas frentes… e enquanto pensou que isso era possível, essa é uma das razões pelas quais se conteve em fazer o que era necessário para acabar com o conflito.”
“Se vir que a cavalaria não está a caminho, isso pode incentivá-lo a fazer o que for preciso para acabar com este conflito”, referiu, enfatizando que o acordo na mesa salvará vidas no Líbano e em Israel e permitirá que civis perto da Linha Azul regressem às suas casas, ao mesmo tempo em que diminui as tensões na região de forma mais ampla.