Príncipe Harry vs. The Sun: Hoje é a última audiência antes de começar o julgamento por recolha ilegal de informações
O Tribunal Superior de Londres realiza hoje a última audiência preliminar no processo movido pelo príncipe Harry contra o grupo editorial News Group Newspapers (NGN), detido por Rupert Murdoch. A ação judicial, que envolve alegações de recolha ilegal de informações, segue para julgamento em janeiro de 2025.
O duque de Sussex acusa o grupo NGN, responsável pelo jornal The Sun e pelo extinto News of the World, de ter obtido ilegalmente informações privadas sobre si entre 1996 e 2011. O caso envolve alegações de práticas como escutas telefónicas e vigilância por parte de jornalistas e investigadores privados. A NGN nega as acusações, mantendo que nenhuma atividade ilegal ocorreu no The Sun.
De acordo com David Sherborne, advogado do príncipe, este é um dos dois casos restantes contra o grupo editorial que ainda aguardam julgamento. O outro é movido por Tom Watson, ex-líder adjunto do Partido Trabalhista. Sherborne também revelou que, desde a última audiência em julho, 39 casos semelhantes foram resolvidos fora do tribunal.
Na audiência anterior, realizada a 15 de novembro, o tribunal determinou que alguns emails trocados entre funcionários da casa real britânica e altos executivos da NGN poderiam ser usados como prova no processo. Entre os nomes envolvidos estão Rebekah Brooks, atual diretora executiva da News UK, e Robert Thomson, CEO da News Corp.
Os advogados de Harry alegam que esses emails podem conter discussões que provem a responsabilidade e o conhecimento do grupo NGN sobre as práticas ilícitas. Um dos emails de 2017 refere-se a uma reunião entre Sally Osman, antiga responsável de comunicações reais, Sir Christopher Geidt, então secretário privado da rainha Isabel II, e Robert Thomson, onde foi discutida a questão da “resolução e compensação”, com a “autoridade total” da monarca.
Noutra troca de mensagens, em 2018, Harry foi informado de que a responsabilidade de avançar com um pedido de desculpas público estava “nas mãos de Murdoch”. Os advogados do príncipe alegam ainda que a casa real poderá ter aplicado um “travão” ao caso, algo que os emails podem ajudar a esclarecer.
O príncipe Harry argumentará no julgamento que o seu pai, o rei Carlos III, desencorajou e dificultou os seus esforços para avançar com o processo contra o grupo NGN. A equipa jurídica de Harry também afirma que o príncipe William, seu irmão, terá chegado a um acordo com a NGN em 2020, embora este detalhe não tenha sido oficialmente confirmado.
Anthony Hudson KC, representante da NGN, descreveu o pedido de acesso aos emails como uma “pesca especulativa” e afirmou que os documentos não são relevantes para o caso, nem necessários para garantir um julgamento justo.
A NGN, através de um porta-voz, reiterou a sua posição de negação das alegações de ilegalidade e destacou os esforços realizados para resolver as disputas ao longo dos anos. “Em 2011, a NGN publicou um pedido de desculpas às vítimas de escutas telefónicas realizadas pelo News of the World. Desde então, tem pago indemnizações a quem apresentou reclamações legítimas”, afirmou o porta-voz, acrescentando que “é prática comum resolver disputas fora dos tribunais para evitar os custos de um julgamento”.
O julgamento está previsto para começar em janeiro de 2025 e deverá durar entre seis a oito semanas. Este processo é mais um capítulo numa série de ações judiciais contra a imprensa britânica, que já resultaram em acordos para várias figuras públicas, incluindo Hugh Grant, Sienna Miller e Melanie Chisholm.