Quadro de Magritte atinge preço recorde de 114 milhões de euros em leilão em Nova Iorque
Uma pintura da série “Império das Luzes” de René Magritte foi leiloada na terça-feira pela Christie’s, em Nova Iorque, por 121 milhões de dólares (cerca de 114 milhões de euros), recorde mundial para o artista.
Nesta obra, que pertence a uma série de 27 pinturas a óleo sobre o mesmo tema, o pintor retrata a imagem paradoxal de uma casa à noite, iluminada apenas por um candeeiro de rua, sob um céu azul diurno.
A peça do pintor belga (1898-1967) é uma das 19 da coleção da designer de interiores Mica Ertegun (1926-2023), centrada em obras do século XX, leiloadas em Nova Iorque, anunciou a Christie’s, que continua hoje a licitação.
“Império das Luzes” foi vendido por exatamente 121.160.000 dólares (114.472.574 euros, incluindo comissões e taxas), uma soma que o torna também um dos quadros mais caros alguma vez vendidos em leilão, e o mais caro de qualquer peça surrealista, no ano em que se assinala o centenário deste movimento artístico.
O quadro inspirou o realizador americano William Friedkin a criar o famoso filme de terror “O Exorcista” (1973).
A venda desta obra era esperada como um dos pontos altos do leilão de outono desta semana em Nova Iorque, numa altura em que o mercado da arte tem registado um abrandamento desde 2023, após os recordes em 2022, na sequência da pandemia.
O anterior recorde de uma obra de René Magritte vendida em leilão foi fixado em 79 milhões de dólares em 2022 (cerca de 74,6 milhões de euros), novamente para uma pintura da série “Império das Luzes”.
Entre outras obras leiloadas durante o mesmo leilão de terça-feira, vendeu-se uma pintura de Ed Ruscha, “Standard Station, Ten-Cent Western Being Torn in Half”, por 68.260.000 milhões de dólares (cerca de 64 milhões de euros), estabelecendo um novo recorde de leilão para esta figura viva da arte pop americana, de 86 anos, que no final de 2023 inaugurou a exposição “Now then”, no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA).
“Natureza morta numa mesa de vidro”, um quadro em que David Hockney pinta uma mesa cheia de objetos em tons de azul e laranja, foi a segunda peça mais cara, atingindo 19 milhões de dólares (cerca de 18 milhões de euros).
Os colecionadores também se interessaram pela obra “Peinture” de Joan Miró (1893-1983), que acabou por ser vendida por 4,8 milhões de dólares (4,5 milhões de euros).
A Christie’s continua hoje o leilão de obras da coleção de Mica Ertegun, cujas receitas, segundo a leiloeira, reverterão em grande parte iniciativas filantrópicas. “Durante a sua vida, Ertegun apoiou o Programa de Bolsas de Pós-Graduação em Humanidades da Universidade de Oxford, o Jazz no Lincoln Center, e o World Monument Fund”, entre outras iniciativas e organizações, recorda a leiloeira.