Como é que os colaboradores veem o seu trabalho em Portugal? Sentem-se motivados, mas questionam gestão das empresas

Mais de 60% dos colaboradores em Portugal dizem sentir-se motivados e dispor das ferramentas adequadas para desempenhar o seu trabalho. No entanto, a eficácia na organização do trabalho e a comunicação por parte das lideranças ainda têm espaço para melhorias, especialmente quando comparadas com os padrões europeus e globais.

O relatório “Norms Insights 2024” da Mercer, parte do grupo Marsh McLennan, baseia-se em dados recolhidos de 8,4 milhões de colaboradores em 956 empresas entre 2019 e 2023, abordando temas como cultura, liderança, bem-estar e remuneração. Uma das principais conclusões é a confiança dos trabalhadores portugueses no futuro das suas empresas (78%), alinhada com a média europeia (76%). Porém, apenas 54% consideram eficazes as decisões da gestão, face aos 60% na Europa e 70% no panorama global.

Os colaboradores nacionais destacam pontos fracos na comunicação ascendente. Apenas 51% dos portugueses acreditam que as lideranças procuram ativamente contributos e ideias, contra 54% na Europa e 63% a nível global. Além disso, 55% consideram que as ações das chefias são consistentes com as suas palavras, valor semelhante à média europeia, mas abaixo da média global (63%).

Na eficiência operacional, 69% dos inquiridos em Portugal sentem que têm os recursos adequados para trabalhar, um valor idêntico ao da Europa, mas inferior ao global (75%). Contudo, apenas 51% acreditam que o trabalho está bem organizado, uma taxa inferior à média europeia (53%) e global (62%).

Os trabalhadores portugueses mostram-se mais satisfeitos com os benefícios (68%) e com a remuneração por desempenho (43%) do que os seus congéneres europeus. No entanto, apenas 31% consideram a sua remuneração justa, muito abaixo da média europeia (49%) e global (55%).

Portugal encontra-se abaixo da média europeia em iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI). Apenas 76% acreditam que as pessoas são tratadas de forma justa, comparativamente aos 80% na Europa. Por outro lado, o país destaca-se pelo equilíbrio entre vida pessoal e trabalho (67%, ligeiramente acima dos 66% europeus), mas apresenta um índice de stress ligeiramente superior (69% contra 71% na Europa).

O estudo sublinha que o engagement dos colaboradores em Portugal está estável, embora ligeiramente em declínio desde 2020. Apesar disso, a intenção de permanecer na empresa continua a crescer desde 2021, destacando-se como um sinal positivo num panorama de desafios organizacionais e de liderança.

Ler Mais





Comentários
Loading...