Trump a mediar acordo de paz entre Ucrânia e Rússia? Terá que ser com “tropas europeias no terreno”, alerta Estónia
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia, Margus Tsahkna, afirmou que os líderes europeus devem estar preparados para enviar tropas para a Ucrânia como parte de um possível acordo de paz entre Kiev e Moscovo mediado pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Em declarações ao Financial Times, Tsahkna sublinhou que a presença militar europeia seria essencial para garantir a segurança e estabilidade de qualquer tratado.
Para o chefe da diplomacia estónia, a adesão da Ucrânia à NATO continua a ser a melhor garantia de segurança para o país. “Se estamos a falar de verdadeiras garantias de segurança, isso significa que haverá uma paz justa. Então estamos a falar de adesão à NATO”, afirmou. Contudo, reconheceu que, sem o envolvimento direto dos EUA, será necessário considerar alternativas como a presença de “tropas no terreno” para assegurar o cumprimento de um eventual acordo.
Durante a campanha presidencial, Donald Trump ameaçou retirar os Estados Unidos da NATO caso os países europeus não aumentassem os seus gastos com defesa. Além disso, prometeu negociar rapidamente um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia assim que assumir o cargo, em janeiro, o que gerou receios de que o pacto possa ser desfavorável a Kiev.
Apesar das declarações polémicas de Trump, Tsahkna acredita que uma retirada dos EUA da NATO é improvável, argumentando que deixar a Europa vulnerável à Rússia não seria do interesse americano. No entanto, advertiu que os países europeus precisam de assumir um papel mais ativo na sua própria defesa, apontando que o aumento do investimento militar é indispensável.
Tsahkna apelou aos restantes membros da NATO para seguirem o exemplo da Estónia, que destina 3,4% do seu Produto Interno Bruto (PIB) à defesa, o segundo maior investimento da aliança transatlântica depois da Polónia. O país, um dos mais firmes apoiantes da Ucrânia, aumentou a sua despesa militar através de um reforço fiscal.
“Não podemos simplesmente esperar pela decisão dos Estados Unidos”, alertou Tsahkna, enfatizando a necessidade de os europeus tomarem medidas concretas para garantir a sua segurança coletiva.
As declarações de Tsahkna surgem num momento crítico para a NATO, que enfrenta o desafio de conciliar as expectativas de segurança da Ucrânia com as preocupações dos seus próprios membros. A ideia de uma força militar europeia para assegurar a paz na Ucrânia sublinha a urgência de soluções pragmáticas que não dependam exclusivamente dos EUA, mas que garantam a proteção de Kiev face às ameaças de Moscovo.
O futuro da aliança e a estabilidade na Europa de Leste dependem, em grande medida, da capacidade dos líderes europeus em articular respostas robustas e coordenadas a estas crises, algo que o ministro estónio defende como prioritário.