“Putin continua a ser pequenino ao lado da Europa”: Zelensky agradece apoio da UE, mas salienta que “não se pode ter medo de ir mais longe”
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, discursou esta terça-feira no Parlamento Europeu, por vídeochamada, numa sessão especial para assinalar os mil dias da agressão russa à Ucrânia.
O líder ucraniano começou por “agradecer pelo apoio da UE dado à Ucrânia”. “Demonstrámos que os nossos valores comuns não são só palavras, não são algo abstrato”, continuou. “Em conjunto, a Ucrânia e todos os nossos parceiros temos conseguido que Putin não consiga ocupar a Ucrânia, mas também proteger a liberdade de todos os países da Europa”, salientou Zelensky, garantindo que “mesmo com o apoio da Coreia do Norte, Putin continua a ser pequenino ao lado da Europa”.
“Vamos conseguir manter a nossa posição e empurrar a Rússia para uma paz justa”, referiu o líder ucraniano, lembrando que “há dois anos propusemos uma fórmula da paz. No Parlamento Europeu foram dos primeiros a apoiá-la. Só quem se opõe a esta fórmula é a Rússia”. “Cada ameaça da Rússia tem de ser enfrentada com mais sanções”, precisou.
Zelensky lembrou ainda que ao longo destes mil dias de guerra “o vosso apoio foi fundamental para reduzir a estabilidade da Rússia e, sobretudo, para conseguir impedir que tenha dinheiro para alimentar a guerra”. “Enquanto Putin continuar a ter as suas bases militares, vai continuar a matar”, indicou, sublinhando. “Não podemos ter medo de ir mais longe. Em conjunto fizemos imenso. Putin trouxe mais tropas para as fronteiras, este contingente pode aumentar para 100 mil [norte-coreanos]. Putin só está focado em ganhar esta guerra, não vai parar por si próprio. Quanto mais tempo tiver, piores vão ser as condições que ele vai exigir. Hoje é o melhor dia para empurrar Putin, apertá-lo para conseguir conversações significativas.”
“Sem destruir as suas bases militares, sem diminuir a sua capacidade de produzir mísseis e drones, e sem congelar os seus ativos, ele não se vai sentar à mesa das negociações. Ele só valoriza o dinheiro e é isso que temos de lhe tirar”, concluindo Zelensky – que foi aplaudido de pé pelos eurodeputados -, garantindo que 2025 “tem de ser o ano da paz”.
Os presidentes da Comissão Europeia, do Conselho Europeu e do Parlamento Europeu prometeram esta terça-feira à Ucrânia apoio da União Europeia (UE) “durante o tempo que for necessário” contra a agressão russa, num “dia de luto e de promessa”.
Quando se assinalam os 1.000 dias de guerra da Ucrânia causada pela invasão da Rússia em fevereiro de 2022, a líder do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, partilhou numa mensagem em vídeo afirmando que “hoje é um dia de luto, mas também um dia de promessa”, com a UE a prometer a “continuar a estar ao lado [de Kiev], durante o tempo que for necessário”.
On the 1000th day of Russia’s atrocious war, Europe stands by Ukraine.
For every single day of the war.
And every day thereafter. pic.twitter.com/6mYMM5WukZ
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) November 19, 2024
“Há mil dias, a Rússia tentou varrer a Ucrânia do mapa e, durante 1.000 dias, a Rússia falhou devido à resistência da Ucrânia e ao sacrifício dos vossos heróis”, assinalou a responsável, vincando que “a Rússia tem de pagar por mil dias de crimes e destruição”.
No que toca ao apoio da UE, Ursula von der Leyen recordou o compromisso de avançar com 50 mil milhões de euros até 2027 e ainda a ajuda do G7, que irá ascender a 50 mil milhões de dólares (48 mil milhões de euros) até 2026.
E anunciou um “apoio adicional de 65 milhões de euros para a iniciativa de compra de refeições escolares para as crianças ucranianas”, além das verbas que serão mobilizadas para o país no âmbito das receitas com ativos russos imobilizados para impulsionar a produção militar na Ucrânia e para reparar as suas infraestruturas energéticas antes do inverno.
Quanto à adesão da Ucrânia à UE, após o país a ter o estatuto de país candidato desde meados de 2022, Ursula von der Leyen adiantou que, apesar de o “inverno que se avizinha pode ser assustador”, a Europa “é amiga” e, por isso, será possível em breve “passar à fase seguinte das negociações” de adesão, a seu ver.
Através da rede social X (antigo Twitter), o presidente cessante do Conselho Europeu, Charles Michel, destacou os “1.000 dias de sacrifício, 1.000 dias de sofrimento, mas 1.000 dias de bravura e coragem”.
“A UE está do vosso lado e estamos decididos a apoiar-vos durante o tempo que for necessário”, prometeu.
Também a líder da assembleia europeia, Roberta Metsola, falou em “1.000 dias de bravura, desafio e coragem, 1.000 dias a vencer as adversidades, 1.000 dias para manter a união, como irmãos e irmãs”.
“Como uma família que partilha um futuro comum, continuaremos a apoiar a Ucrânia durante o tempo que for necessário”, concluiu a presidente do Parlamento Europeu.
1000 days of bravery, defiance and courage.
1000 days of beating the odds.
1000 days of standing together, as brothers and sisters.
As one family that shares a common future.
We will continue to #StandwithUkraine.
For as long as it takes.#SlavaUkraini 🇪🇺🇺🇦 pic.twitter.com/rcwsYZQWNK
— Roberta Metsola (@EP_President) November 19, 2024