Tecnológicas portuguesas angariaram mais de 1,4 mil milhões de euros na última década
As tecnológicas portuguesas estão no bom caminho para consolidar o seu papel no ecossistema europeu de inovação. Segundo o relatório State of European Tech 2024 (SoET), apresentado pela Atomico, as startups nacionais devem angariar cerca de 92 milhões de euros este ano, equiparando-se às suas homólogas gregas.
Este desempenho reflete um crescimento notável face aos 92 milhões de euros angariados entre 2005 e 2014, alcançando mais de 1,4 mil milhões de euros na última década.
Desde o lançamento do primeiro relatório da Atomico, em 2015, as tecnológicas europeias captaram 400 mil milhões de euros, dez vezes mais do que na década anterior. Portugal acompanhou esta tendência, destacando-se pelo aumento da força de trabalho tecnológica, que passou de 5.200 profissionais em 2015 para 20.700 em 2024. Este crescimento é comparável ao registado em outros países do sul da Europa, como Espanha, onde o número de trabalhadores subiu de 14.000 para 175.000, e Itália, que passou de 26.000 para 167.000.
O talento continua a ser um dos trunfos do país, com profissionais cada vez mais atraídos para o setor tecnológico. Além disso, Portugal produziu duas empresas avaliadas em mais de 900 milhões de euros na última década, um progresso significativo face a 2015, quando o país não tinha nenhum “unicórnio”.
Apesar dos avanços, o relatório aponta para desafios no financiamento em fases avançadas de crescimento. Muitas startups portuguesas recorrem a investidores internacionais, particularmente norte-americanos, para assegurar rondas maiores, o que pode resultar numa fuga de talentos e recursos. Além disso, o contributo de fundos de pensões europeus para o capital de risco é quase inexistente, com apenas 0,01% dos ativos destinados a este tipo de investimento.
O relatório da Atomico sublinha que a Europa, incluindo Portugal, está bem posicionada para liderar em áreas como a deeptech e a sustentabilidade. Nos últimos dez anos, a tecnologia europeia registou uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 13% no financiamento de capital de risco, ultrapassando outras regiões, como os EUA e a China.
“Esta retrospetiva deve encorajar todos os intervenientes no ecossistema a perceberem até onde chegámos e até onde podemos ir. O próximo passo para a Europa passa agora por desenvolver o seu ecossistema em fase de crescimento. Para o efeito, precisamos de mais fundos de pensões e investidores públicos, para que as empresas europeias em fases posteriores possam construir um mundo melhor.” afirmou Sarah Guemouri, Diretora da Atomico e Coautora do relatório.
Olhando para o futuro, a Atomico projeta que o valor do ecossistema tecnológico europeu poderá ultrapassar os 7 mil milhões de euros na próxima década, com Portugal a ter uma contribuição significativa nesse crescimento.