Scholz fala com Putin pela primeira vez em dois anos e pede-lhe para “pôr fim à guerra na Ucrânia” e “retirar as tropas russas”

O chanceler alemão, Olaf Scholz, instou o presidente russo, Vladimir Putin, a “pôr fim à guerra na Ucrânia” e a “retirar as tropas russas”, durante uma conversa telefónica na última sexta-feira. O diálogo, que se prolongou por cerca de uma hora, marcou a primeira comunicação direta entre os dois líderes em quase dois anos, segundo fontes da imprensa alemã.

De acordo com um porta-voz do governo alemão, Scholz “exortou a Rússia a estar disposta a negociar com a Ucrânia com o objetivo de alcançar uma paz justa e duradoura”. Antes do telefonema, Scholz já tinha conversado com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, e planeava voltar a fazê-lo após o diálogo com Putin.

A posição da liderança ucraniana sobre a conversa foi cautelosa. “O presidente [Zelenskyy] disse [a Scholz] que Putin não diria nada de novo e que falar com ele apenas ajudaria a tirar o presidente russo do isolamento”, revelou um alto funcionário ucraniano próximo de Zelenskyy, sob condição de anonimato, aao jornal Politico.

Apesar das divergências sobre a utilidade do diálogo, Scholz e Putin concordaram em manter o contacto. O chanceler alemão também sublinhou a sua preocupação com o alegado envio de soldados norte-coreanos para a Rússia, alertando que tal movimento constituiria “uma séria escalada e expansão do conflito”.

O chanceler alemão destacou recentemente, num discurso no Bundestag, o parlamento alemão, a sua abordagem cuidadosa face ao conflito ucraniano. Scholz afirmou que a sua estratégia contribuiu para evitar uma maior escalada da guerra, que entrou no seu terceiro ano. “Sublinho que considero correto que tenha desempenhado o meu papel para garantir que não houve uma escalada”, declarou perante os parlamentares.

Ao longo da guerra, Scholz tem procurado equilibrar dois papéis difíceis: o de um líder que apoia firmemente a Ucrânia, com a Alemanha a fornecer mais ajuda militar a Kyiv do que qualquer outro país europeu, e o de um mediador que tenta evitar uma amplificação do conflito. Dentro do seu próprio partido, o SPD, há quem o apelide de “chanceler da paz”.

Durante a conversa com Putin, Scholz reafirmou o compromisso de Berlim com a defesa da Ucrânia contra a agressão russa. Segundo o porta-voz Steffen Hebestreit, o chanceler garantiu que a Alemanha continuará a apoiar Kyiv até que uma solução pacífica seja alcançada.

Esta conversa telefónica surge num momento crítico, com a guerra a prolongar-se e os esforços diplomáticos a enfrentarem novos desafios. Resta saber se este contacto direto entre os líderes alemão e russo poderá abrir caminho para progressos na busca pela paz.

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