Vitória de Trump reforça “a causa do espaço” na Europa, afirma chefe da Agência Espacial Europeia
A recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos reforça a necessidade de investimento em programas espaciais por parte dos países europeus, defende Josef Aschbacher, diretor-geral da Agência Espacial Europeia (ESA).
Em entrevista ao Politico, Aschbacher destacou que “o espaço tornou-se uma prioridade de topo nos Estados Unidos” e referiu-se ao discurso de vitória de Trump, no qual o presidente eleito demonstrou entusiasmo ao recordar o mais recente teste do Starship da SpaceX. Segundo Aschbacher, este entusiasmo sugere que a exploração espacial será uma “prioridade” da nova administração.
Trump já mostrou, durante o seu primeiro mandato, uma forte inclinação para expandir o programa espacial norte-americano. O ex-presidente lançou o programa Artemis da NASA, com o objetivo de enviar astronautas de volta à Lua, e fundou a Força Espacial dos Estados Unidos, dedicada à proteção de ativos norte-americanos em órbita. Além disso, Elon Musk, CEO da SpaceX, tornou-se uma figura central no impulso para o regresso de Trump à Casa Branca, o que pode influenciar ainda mais o enfoque do novo governo na exploração espacial.
Apesar de ainda não ser claro como Trump irá definir o plano de missão da NASA nem de que forma Musk e a SpaceX estarão envolvidos, a vitória de Trump chega num momento crucial para os decisores políticos europeus. A União Europeia e a ESA estão atualmente a ponderar os investimentos necessários para fortalecer a sua própria presença no espaço.
Um dos projetos emblemáticos da Europa neste domínio é o IRIS², uma alternativa europeia à rede de satélites Starlink da SpaceX, destinada a fornecer comunicações seguras e encriptadas. Segundo Aschbacher, a ESA está empenhada em concluir os contratos para a construção e operação deste sistema até ao final do ano, com o intuito de estabelecer uma infraestrutura autónoma de comunicação por satélite para a Europa.
O próximo passo será a apresentação, por parte de Aschbacher, de um pedido formal aos 22 Estados-membros da ESA, solicitando compromissos financeiros de longo prazo. A reunião para esse efeito terá lugar em Bremen, no final do próximo ano, e ocorrerá em paralelo com as discussões do orçamento plurianual da UE, que incluirá alocações para o setor espacial a partir de 2028.
“A causa do espaço” ganha impulso na Europa
A vitória de Trump, de acordo com Aschbacher, coloca uma ênfase renovada na importância dos programas espaciais, não apenas nos EUA mas também na Europa. Este foco inclui investimentos em constelações comerciais de satélites, iniciativas de voos espaciais tripulados, apoio a empresas emergentes no setor de lançamentos e o desenvolvimento de uma futura estação espacial para suceder à Estação Espacial Internacional (ISS).
Aschbacher enfatizou que esta atenção crescente beneficia a ESA e todos os seus parceiros. “A vitória de Trump dá ao espaço mais visibilidade, mais relevância,” declarou o diretor-geral da ESA, acrescentando que “isto fortalece a causa do espaço na Europa e recorda a todos que [o espaço] é um domínio crucial.”