Suspeito de assassinar grávida na Murtosa investigado por crimes sexuais contra menores

Fernando Valente, empresário residente na Murtosa e principal suspeito do assassinato de Mónica Silva, grávida de sete meses, está agora a ser investigado pela Polícia Judiciária de Aveiro por suspeitas de crimes sexuais contra menores. A investigação ganhou novos contornos após a apreensão de fotografias suspeitas de uma menor durante buscas domiciliárias realizadas em Gaia no dia 23 de maio.

Durante as buscas efetuadas na residência de Valente, foram apreendidos diversos equipamentos informáticos que continham fotografias consideradas suspeitas de uma menor, avança o Correio da Manhã. Estas evidências foram incluídas no processo principal e encaminhadas às autoridades competentes para aprofundamento das investigações.

Além das fotografias, a Polícia Judiciária de Aveiro deteve 89 mil euros, dissimulados no colchão de uma das camas da residência de Valente, durante buscas efetuadas na Murtosa em 15 de novembro do ano passado. As explicações apresentadas por Valente sobre a origem deste montante não convenceram as autoridades, levando à suspeita de branqueamento de capitais.

Nas mesmas buscas, a Polícia Judiciária apreendeu uma arma de alarme, um silenciador, munições (16 balas de salva intactas e uma deflagrada) e uma escova de limpeza. Valente não possui licenciamento para posse de armas de classe A, o que significa que este caso poderá ser tratado como uma contraordenação pela Polícia de Segurança Pública (PSP), em vez de um crime grave.

Acusações pelo Ministério Público
Há cerca de uma semana, Fernando Valente foi formalmente acusado pelo Ministério Público (MP) de Estarreja pela morte de Mónica Silva. A procuradora responsável pelo caso detalhou que o crime inclui homicídio qualificado, aborto, profanação de cadáver, acesso ilegítimo e aquisição de moeda falsa para circulação. Segundo o despacho da acusação, Valente teria decidido assassinar Mónica para evitar a responsabilidade pela paternidade e preservar o seu património.

Conforme o despacho, no dia 29 de setembro do ano passado, Mónica Silva informou Fernando Valente sobre a sua gravidez, acreditando que ele assumiria a paternidade do bebé. A procuradora argumenta que, para evitar as consequências legais e financeiras de ser pai, Valente planeou e executou o assassinato de Mónica e do seu feto.

Valente, que atualmente se encontra em prisão domiciliária, teria elaborado um plano detalhado para eliminar as provas do crime, pesquisando métodos para apagar conversas em redes sociais e adquirindo um cartão SIM pré-pago e um telemóvel antigo sem ligação à internet, com o intuito de ocultar qualquer ligação com a vítima.

Após o crime, o suspeito teria levado Mónica para um apartamento na Torreira, onde consumou o homicídio. Na madrugada de 4 de outubro, Fernando Valente teria eliminado o corpo da vítima e enviado mensagens a outro homem a partir do telemóvel de Mónica, insinuando que estava a ser ameaçada, numa tentativa de desviar as suspeitas para outro indivíduo.

Além disso, Valente teria eliminado os pertences de Mónica e um tapete da sala do apartamento, realizando limpezas intensivas para eliminar vestígios de prova.

O MP solicitou que Valente seja julgado por um tribunal de júri, dada a gravidade das acusações. Adicionalmente, a procuradora pediu uma indemnização de 200 mil euros a ser paga pelo arguido aos dois filhos menores de Mónica Silva, considerados vítimas indiretas do crime.

A investigação revela que Valente e Mónica mantiveram uma relação íntima por cerca de um ano, que resultou na gravidez de Mónica. A procuradora destacou que Valente tentou manter a relação em segredo, mas a descoberta da gravidez foi um fator determinante para o crime.

Fernando Valente foi detido pela Polícia Judiciária em novembro de 2023 e, após ser apresentado a um primeiro interrogatório judicial, foi transferido para prisão preventiva, passando um mês depois para prisão domiciliária. A operação continua em curso, com a Polícia Judiciária a aprofundar as investigações sobre os novos indícios de crimes sexuais contra menores.

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