Ativistas do Climáximo invadem conferência de petrolíferas em Lisboa e pintam fachada do edifício de vermelho
Na manhã desta terça-feira, duas ativistas do movimento Climáximo interromperam a Conferência Europeia sobre Tecnologia de Refinação (ERTC), que decorre no Centro de Congressos do Estoril e reúne representantes de gigantes da indústria de combustíveis fósseis, como a Galp, a Total e a Shell. Segundo comunicado do Climáximo, a ação foi motivada pela convicção de que o evento representa um espaço onde se “desenham planos para aniquilar a humanidade”, considerando-o “um encontro criminoso”. As ativistas interromperam a sessão da manhã e espalharam pó vermelho no palco, simbolizando o que descrevem como “sangue nas mãos” das empresas presentes. No exterior, outros apoiantes pintaram a fachada do edifício de vermelho. Duas pessoas foram detidas.
Mariana Rodrigues, uma das apoiantes do Climáximo, destacou a gravidade do evento, acusando as empresas de promoverem práticas mortíferas e de devastação ambiental. “Esta conferência junta todas as grandes empresas petrolíferas, responsáveis por uma em cada cinco mortes prematuras no mundo”, afirmou. “Estão ativamente a lançar bombas de carbono para a atmosfera, causando morte e destruição sob a forma de cheias, secas, incêndios, tufões, ondas de calor e quebra de colheitas. Este é um evento criminoso onde entidades assassinas fecham negócios para manterem os seus lucros a níveis recorde com a expansão da queima de combustíveis fósseis, à custa da destruição das nossas vidas. Como é que eles se atrevem? Não podemos aceitar que continuem a matar-nos.”
Esta edição da ERTC coincide com a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP29), a decorrer no Azerbaijão, um país com forte dependência dos combustíveis fósseis. O Climáximo critica o que considera ser uma hipocrisia evidente, afirmando que, enquanto na COP29 se discutem soluções climáticas, as mesmas empresas que ali representam interesses participam em reuniões como a ERTC, “desenhando o colapso da civilização”.
O movimento Climáximo enfatiza que estas empresas, presentes na COP29 e na ERTC, são as mesmas que “ateiam o fogo do inferno climático”. De acordo com o coletivo, a presença destas multinacionais em conferências de clima, acompanhadas por lobbistas e representantes governamentais, contribui para perpetuar um sistema que explora os recursos do planeta de forma insustentável. “É o sistema fóssil em toda a sua fúria destruidora”, apontou Mariana, referindo que “um futuro sustentável e resiliente, como eles pregam, não terá lugar para estas empresas”.
O Climáximo acredita que uma mudança sustentável e compatível com os limites planetários passa pela remoção do poder das mãos destas corporações e dos governos que, na sua visão, facilitam as suas atividades prejudiciais. Mariana sublinha que “isto só será possível se pararmos hoje os ataques contra a vida que empresas como a BP e a Galp estão a levar a cabo”, defendendo uma transição em larga escala que priorize o bem-estar das pessoas, em vez do lucro. “Claramente, não vão ser estas empresas, nem os Governos que lhes dão carta branca para matar, a fazê-lo. Têm que ser as pessoas comuns a travá-los e a mudar o rumo da história”.
Em resposta à situação, o Climáximo apela a toda a sociedade para que deixe de aceitar “a destruição em massa de tudo o que importa” e se junte à manifestação de resistência civil agendada para o próximo dia 23 de novembro. O protesto, denominado Parar Enquanto Podemos, terá início na Praça Paiva Couceiro, em Lisboa, às 15h, e terminará com o bloqueio da Praça do Chile. A ação visa “quebrar a normalização da violência da crise climática e construir a resistência capaz de desmantelar a indústria fóssil que está a destruir as nossas vidas, antes que seja tarde demais”, afirma o comunicado.
Com esta ação, o movimento Climáximo espera chamar a atenção para o que considera uma crise climática cada vez mais profunda, responsabilizando diretamente as empresas fósseis e apelando ao envolvimento da população na luta por um futuro ambientalmente justo e sustentável.