Trump prometeu na campanha eleitoral vingar-se dos seus inimigos: eis (alguns…) dos seus alvos

Donald Trump, durante a campanha presidencial, fez várias promessas de vingança: agora, com a conquista da Casa Branca, está numa posição perfeita para a executar. Nos seus discursos ou nas redes sociais encontram-se apelos vingativos aos seus opositores políticos, aos seus críticos e membros dos media para que sejam processados, presos, deportados e até executados. Agora que venceu, Donald Trump tem o mandato popular – e o poder – para começar a implementar o seu cadafalso.

Muitos apoiantes de Trump rejeitaram as ameaças como retórica de campanha, que visou agitar as suas bases, salientando que as suas exortações contra os seus inimigos raramente levaram à ação durante a sua presidência. No entanto, há outros, incluindo alguns dos conselheiros mais próximos de Trump, que já alertaram que há maior probabilidade de avançar com essa ‘purga’ durante o segundo mandato, uma vez que não estará inibido pela necessidade de uma reeleição, lembrou o jornal ‘POLITICO’. Estará também encorajado pela decisão do Supremo Tribunal que concede ampla imunidade de responsabilização criminal aos presidentes após deixarem o cargo.

Com base nas próprias palavras de Trump, aqui estão as pessoas que mais têm a temer.

Presidente Joe Biden

Trump frequentemente chamou Biden de corrupto e, em junho, publicou na sua rede social ‘Social Truth’ uma mensagem que dizia que devia “ser preso por traição”. Num discurso no ano passado, prometeu: “Nomearei um verdadeiro promotor especial para ir atrás do presidente mais corrupto da história dos Estados Unidos da América, Joe Biden, e de toda a família criminosa Biden.”

Vice-presidente Kamala Harris

Trump descreveu o fracasso de Harris em controlar a migração como tão grave que pessoas foram “assassinadas pela causa de sua ação na fronteira”. Num comício de campanha na Pensilvânia, em setembro último, salientou que Harris “deveria ser acusada e processada” pelo seu papel em permitir o que chamou de “invasão” dos Estados Unidos por imigrantes ilegais.

Ex-presidente Barack Obama

Em 2020, Trump acusou Obama de “traição” devido a uma alegada vigilância do FBI sobre a sua campanha presidencial de 2016 sobre os seus laços com a Rússia – na verdade, a vigilância foi direcionada a um ex-assessor de política externa que integrou a campanha. Em agosto último, Trump utilizou a ‘Truth Social’ para pedir “tribunais militares públicos” para Obama.

Ex-secretária de Estado Hillary Clinton

“Prendam-na!”: este foi um refrão memorável dos comícios da campanha de Trump em 2016, aludindo ao uso de uma conta de e-mail privada por Clinton enquanto secretária de Estado e à investigação subsequente do FBI, que não resultou em nenhuma acusação.

Ex-presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi

Em setembro, Trump disse que Pelosi deveria enfrentar acusações criminais devido a ligações a uma alegada venda de ações da Visa pelo seu marido meses antes de o Departamento de Justiça ter processado a empresa por supostas violações antitrust. “Nancy Pelosi deveria ser processada por isso”, disse Trump.

O novo presidente americano garantiu também que Pelosi deveria ser processada por não garantir segurança adequada no Capitólio a 6 de janeiro de 2021, quando os apoiantes de Trump invadiram o edifício enquanto o Congresso se preparava para certificar a vitória de Joe Biden na corrida presidencial de 2020.

Num discurso na passada segunda-feira, Trump disse que Pelosi “poderia ter ido para a cadeia por” rasgar teatralmente uma cópia do discurso do Estado da União de Trump enquanto estava sentada atrás dele na tribuna da Câmara em 2020.

Procuradora-Geral de Nova York, Letitia James

James atraiu a ira de Trump devido ao processo por alegada fraude generalizada no império empresarial do magnata: o caso resultou numa multa de mais de 450 milhões de dólares contra Trump, que apelou da decisão. Há um ano, Trump disse no ‘Truth Social’ que James “deveria ser processada” pelo seu papel no processo. Em janeiro, disse num comício de campanha em Iowa que James “deveria ser presa e punida de acordo”.

Juiz de Manhattan, Arthur Engoron

Engoron, juiz de primeira instância de Nova Iorque, enfrentou uma chuva de ataques de Trump enquanto presidiu ao caso de fraude civil de Letitia James: num comício no início deste ano, Trump garantiu que “Engoron deveria ser preso e punido de acordo”.

Ex-deputada Liz Cheney

Cheney irritou Trump enquanto servia como vice-presidente do comité da Câmara dos Representantes que investigou o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio. É também uma das figuras republicanas mais proeminentes a apoiar publicamente Harris. Em março último, Trump declarou na ‘Truth Social’ que Cheney “deveria ir para a cadeia”. Nos últimos dias da campanha de 2024, Trump indicou: “Vamos colocá-la com uma espingarda de nove canos a disparar nela.”

Conselheiro especial Jack Smith

Jack Smith, que abriu os dois processos criminais federais contra Trump, é um saco de pancadas frequente para o ex-presidente. “Jackal Smith… um criminoso profissional”, defendeu o magnata, garantindo que “deveria ser processado por interferência eleitoral e má conduta do promotor”. Mais recentemente, num programa de rádio, Trump chamou Smith “de mentalmente perturbado”, garantindo que “deveria ser expulso do país”.

Hunter Biden e o resto da família Biden

Trump disse que nomeará um procurador especial para investigar o que ele diz ser corrupção a envolver a família de Biden. Foi vago sobre quem seria investigado e para quê, mas falou sobre o dinheiro que o filho de Biden, Hunter, aceitou de fontes chinesas. “Quando eu voltar ao cargo, nomearei um verdadeiro promotor especial para investigar cada detalhe da corrupção da família criminosa Biden”, disse Trump no ano passado.

Fundador do Facebook, Mark Zuckerberg

Trump e alguns dos seus aliados têm criticado duramente Zuckerberg depois de este, com a sua mulher Priscilla Chan, terem doado 420 milhões de dólares em 2020 para melhorar a infraestrutura eleitoral. Os republicanos de Trump alegaram que o dinheiro era uma conspiração mal disfarçada para minar a sua reeleição. Num livro lançado em setembro último, Trump acusou Zuckerberg de uma “vergonhosa conspiração contra o presidente”, e alertou: “Estamos a observá-lo de perto e, se fizer algo ilegal desta vez, passará o resto da vida na prisão.”