Voltar ao escritório? 64% dos trabalhadores consideram mudar de emprego se forem obrigados

Desde o início da pandemia, os profissionais passaram a valorizar a flexibilidade, a autonomia e o alinhamento entre os valores das empresas e as suas necessidades pessoais. Perante as iniciativas das empresas de trazer de volta os trabalhadores para os escritórios, estes começam a ponderar o futuro.

Segundo o estudo The Age of Adaptability, do ManpowerGroup, 81% dos trabalhadores afirmaram que a pandemia afetou a sua visão sobre o trabalho. Entre os millennials, 42% desejam um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, enquanto 31% dos trabalhadores considerariam mudar de função se isso trouxesse melhores condições de trabalho e estilo de vida.

Contudo, a recuperação económica está a reverter parcialmente este cenário. De acordo com o ManpowerGroup Employment Outlook Survey, em Portugal, 66% dos empregadores consideram que o poder de negociação nas condições de trabalho está a voltar para o seu lado. Em particular, 55% dos empregadores nacionais acreditam ter controlo sobre os horários dos trabalhadores, e 64% dizem controlar a localização onde os profissionais desempenham as suas funções. O setor da Saúde e Ciências da Vida destaca-se, com 71% dos empregadores a sentirem ter o maior poder sobre o local de trabalho e 63% sobre os horários.

A imposição de modelos de trabalho 100% presenciais traz riscos para as empresas, especialmente na retenção de talento. Segundo a Gartner, os trabalhadores que regressam ao escritório relatam uma menor intenção de continuar na empresa. Este impacto é particularmente notável entre jovens, mulheres e colaboradores de alto desempenho, que são mais propensos a procurar oportunidades com maior flexibilidade. O estudo The New Human Age aponta que 64% dos profissionais considerariam um novo emprego se fossem obrigados a regressar ao escritório a tempo inteiro.

Para mitigar esta situação, muitas empresas optam por modelos híbridos, que combinam o contacto humano com a autonomia. Esta abordagem é vista como uma forma de promover a colaboração, a criatividade e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Além disso, as empresas estão focadas em estratégias de fidelização de talento, como o reforço de políticas de bem-estar e de ferramentas tecnológicas modernas, apontadas como prioritárias por 40% e 34% dos empregadores, respetivamente. Além disso, 30% das empresas investem em oportunidades de promoção, e 29% na capacitação das lideranças intermédias para melhor apoiar as suas equipas.






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