Bancos têm de criar reservas que funcionem como paraquedas em turbulências futuras, alerta BdP

A vice-governadora do Banco de Portugal Clara Raposo disse hoje que este é o momento de os bancos criarem reservas de capital que funcionem como paraquedas para eventuais crises futuras.

“É neste momento em que o setor está confortável que é tempo de constituir reservas (…) para que sirvam de paraquedas. Para que caso, no futuro, se viermos a ter situações de maior turbulência, essa turbulência seja acomodada garantindo a estabilidade financeira e o financiamento necessário a toda a economia”, disse Clara Raposo numa intervenção na Money Summit, em Lisboa.

A vice-governadora fez uma resenha da melhoria da solidez e liquidez da banca que opera em Portugal e, sobre a diminuição do rácio de transformação de depósitos em crédito, considerou que tal mostra que “há espaço para os bancos virem a repensar o seu modelo de negócio e fazerem outras coisas com aquilo que têm à sua disposição”.

Sobre os desafios, Clara Raposo falou da necessidade de os bancos considerados tradicionais competirem com entidades como ‘fintechs’ e ‘big tech’ (empresas tecnológicas que prestam serviços financeiros), habitualmente mais inovadoras e com menos custos, que prestam já serviços que anteriormente eram dos bancos (caso de pagamentos).

“Os bancos têm de ter capacidade de concorrer com essas entidades ou saber absorver dentro dos seus modelos de negócio”, disse.

Os reguladores e supervisores bancários têm vindo a alertar os bancos para usarem parte dos atuais lucros (em vez de os distribuírem) para aumentar as ‘almofadas’ de capital e, assim, estarem mais bem preparados para futuras crises.

Em 08 de outubro, na apresentação do Boletim Económico, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, defendeu que este “é o momento de todos construírem ‘almofadas’ financeiras para o futuro”, famílias e empresas (incluindo bancos), nomeadamente numa altura de incerteza global.

O Banco de Portugal vai obrigar os bancos a porem mais capital de lado para fazer face a futuras perdas com créditos a partir de 2016.

A reserva contracíclica de fundos próprios que entrará em vigor nesse ano implica, segundo informações recolhidas pela Lusa, que os bancos mais pequenos terão de pôr de lado 50 milhões de euros e os bancos maiores cerca de 200 milhões de euros (à data atual).

Os quatro maiores bancos privados a operar em Portugal (BCP, Novo Banco, BPI e Santander) tiveram um lucro agregado de 2.546,7 milhões de euros entre janeiro e setembro, num aumento de 10,7% em termos homólogos, segundo contas da Lusa.

A pública Caixa Geral de Depósitos (CGD) apresenta as contas dos primeiros nove meses na próxima quinta-feira.

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