Nova greve da Função Pública marca o início da semana. Espera-se outra vez grande adesão, especialmente nas escolas e centros de saúde
A função pública entra hoje em nova paralisação, após a greve de sexta-feira, que registou uma adesão de 90%, segundo dados do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Serviços e de Entidades com Fins Públicos (STFP). A greve abrange sectores críticos como a educação e a saúde, com impacto significativo nas escolas e nos centros de saúde, deixando muitos serviços paralisados e a população a enfrentar limitações no atendimento.
Na sexta-feira, escolas em várias regiões do país fecharam portas, incluindo a Escola Básica João de Deus, no Porto, e a EB2/3 de Matosinhos. De acordo com a STFP, a adesão na educação foi particularmente elevada, com muitos professores e funcionários a responderem ao apelo do sindicato. Alunos e pais foram previamente avisados sobre a paralisação, em muitos casos por grupos de WhatsApp, optando assim por não se deslocarem às escolas, embora alguns professores tenham comparecido.
No setor da saúde, o impacto foi igualmente relevante, com vários centros de saúde a operarem apenas com serviços mínimos. Um utente do Centro de Saúde de Lisboa relatou dificuldades para obter cuidados básicos após uma cirurgia: “Vinha fazer um curativo, mas disseram-me que estava tudo em greve. Terça-feira é o primeiro dia possível para eu ser atendido”, comentou. Muitos doentes foram surpreendidos pela paralisação e enfrentarão novas dificuldades de atendimento, especialmente porque o feriado de 1 de novembro coincidiu com a semana da greve.
Reivindicações sindicais centram-se em aumentos salariais e valorização de carreiras
A STFP, na liderança da paralisação, exige aumentos salariais de 7,5%, considerando-os essenciais para compensar perdas salariais acumuladas nos últimos anos e enfrentar o impacto da inflação. Mário Pires, presidente do sindicato, destaca que a atualização salarial é apenas uma das reivindicações: “Queremos aumentos salariais dignos que representem alguma recuperação face aos salários perdidos. Além disso, exigimos a criação da carreira de auxiliar de ação educativa e a revisão dos rácios de contratação”, afirmou. Outro pedido do sindicato é a criação de um cartão de alimentação no valor de 10 euros diários, isento de impostos, como medida de apoio ao custo de vida.
Durante o mês de outubro, registaram-se várias paralisações sectoriais que incluem greves do pessoal não docente, trabalhadores das cantinas e um protesto geral da Frente Comum. Mário Pires sublinhou que a escolha das datas de greve foi estratégica: “Escolhemos dias perto do fim de semana para maximizar a adesão”, apontou, destacando que as próximas ações irão manter essa abordagem.
Greves futuras e manifestações planeadas
Além da greve de hoje, a CGTP já convocou uma manifestação para o dia 9 de novembro, mantendo o tema da valorização das carreiras e melhores condições de trabalho na função pública. A Federação Nacional de Sindicatos Independentes da Administração Pública e Entidades com Fins Públicos (FESINAP) anunciou ainda uma greve de 24 horas para os trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde (SNS), agendada também para hoje, dia 4. Esta paralisação foca-se em reivindicações específicas do sector, incluindo a subida de um nível remuneratório, a revisão e regularização do Sistema Integrado de Avaliação de Desempenho da Administração Pública (SIADAP), a reposição da carreira de Agente Único de Transportes Colectivos, e a atribuição de um suplemento de penosidade e insalubridade.