Climáximo pinta de vermelho fonte do edifício da Caixa Geral de Depósitos em protesto contra o OE 2025
Em Lisboa, esta manhã, apoiantes do coletivo Climáximo tingiram de vermelho a água da fonte do edifício da Caixa Geral de Depósitos, onde se encontram vários ministérios do Governo. Com este ato, o grupo quis chamar a atenção para aquilo que consideram ser uma proposta de Orçamento do Estado (OE) que “alimenta a crise climática,” descrevendo-a como “criminosa” e acusando o Governo de ter “sangue nas mãos” por, na sua visão, não tomar medidas para enfrentar a crise ambiental. Em comunicado, o Climáximo convoca ainda a sociedade para uma manifestação e ação de resistência marcada para o próximo dia 23 de novembro, sob o mote “Parar Enquanto Podemos.”
Alice Gato, uma das porta-vozes do Climáximo, critica a discussão pública sobre o Orçamento do Estado, acusando os debates parlamentares de ignorarem as consequências sociais e ambientais das políticas públicas. “Durante semanas, a discussão sobre o Orçamento tem-se focado em jogos de bastidores, com os media a relatarem tudo como se fosse uma novela. A crise climática, a maior ameaça que a humanidade enfrenta, não foi sequer uma nota de rodapé. Entre dramas partidários, IRS jovem e IRC, as políticas necessárias para travar o colapso ficaram de fora,” afirmou.
O coletivo Climáximo enxerga o OE e as decisões dos ministérios envolvidos como parte de uma tendência para normalizar, segundo os ativistas, a violência das políticas governamentais e empresariais contra a vida e o ambiente. Alice Gato sublinha que, tal como na 29ª Conferência das Nações Unidas pelo Clima (COP29), a realizar-se em novembro, o Orçamento do Estado revela, para o Climáximo, que os Governos não estão dispostos a reverter a situação: “Pelo contrário, estão a acelerar rumo ao inferno climático. Este é o Orçamento de um estado de guerra. Continuam a empurrar-nos para um mundo de incêndios devastadores, secas intensas, colheitas perdidas e cheias catastróficas, como as que já causaram 51 mortos em Valência desde ontem. Está em jogo tudo o que as pessoas valorizam: justiça, democracia, condições de vida dignas e um planeta habitável,” declarou.
Para o coletivo, este cenário exige mais do que respostas institucionais, que consideram vazias e insuficientes para fazer face ao avanço da crise climática. “A mudança necessária não virá dos gabinetes dos ministros. Será obra das pessoas comuns — trabalhadores, estudantes, pais, desempregados, avós e netos — que, com a sua ação, poderão pôr fim a estes ataques constantes contra a vida e garantir a sobrevivência,” refere o comunicado do Climáximo.
O Climáximo apela a “toda a sociedade” para se juntar à manifestação de resistência civil em massa “Parar Enquanto Podemos”, agendada para o dia 23 de novembro, com início às 15h na Praça Paiva Couceiro, em Lisboa. Os manifestantes têm como objetivo bloquear a Praça do Chile, um ato simbólico para, segundo o coletivo, “quebrar a normalização da violência da crise climática” e abrir espaço para o debate que, afirmam, tem sido silenciado tanto na COP como no Orçamento do Estado: “como vamos travar esta guerra antes que seja tarde demais?”