Temperatura da água nos Açores está cada vez mais quente e isso deve preocupar portugueses, revelam especialistas

O mar dos Açores está cada vez mais quente, o que significa um problema grave para Portugal continental: este ano, a temperatura da água ultrapassou os 27,5 graus Celsius, um valor acima da média normal de anos anteriores, o que tem deixado muitos especialistas em alerta conforme se aproxima o inverno, altura em que surgem os primeiros temporais.

Pedro Miranda, professor de Meteorologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, confirmou que “o aquecimento das águas pode agravar as tempestades em Portugal”. Em declarações à ‘CNN Portugal’, salientou que o aquecimento da água do mar tem uma relação direta com a maior intensidade de tempestades em Portugal continental.

De acordo com dados do ‘Climate Pulse’, do programa Copernicus da União Europeia, 2023 e 2024 foram anos recorde de temperatura da superfície da água do mar em todo o mundo, não apenas no Atlântico Norte, onde estão localizados os Açores – desde 1880, ano em que se iniciaram os registos, que não se registavam temperaturas tão elevadas como nos últimos 30 anos.

O aquecimento das águas tem sido associado a fenómenos meteorológicos extremos, como furacões e tempestades: no entanto, Miguel Miranda, ex-presidente do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera), salientou que “nunca existiu até agora uma conclusão capaz de afirmar que há mais furacões na atualidade, mas sim que estes estão a intensificar-se cada vez mais, sobretudo a norte, apanhando a Península Ibérica”.

Para além destes fenómenos meteorológicos, o aquecimento do mar pode também originar outros impactos, sobretudo na vida marinha: recentemente, surgiram vários peixes mortos nos Açores. Segundo o instituto Okeanos da Universidade dos Açores em outubro, “tem-se verificado uma substancial e persistente anomalia térmica do mar nos últimos verões”, tendo o IPMA reportado que 2024 teve “o verão mais quente dos últimos 80 anos na região”, com a temperatura da água a chegar a “uns históricos 27,3 graus e anomalias térmicas superiores a 2 graus”.

Recentemente, tempestades como ‘Kirk’ e ‘Leslie’ já causaram estragos em Portugal e com o clima se torne ainda mais imprevisível, conforme se aproxima o inverno. Para Miguel Miranda, “estas tempestades não tiveram uma relação direta com o aumento da temperatura da água, embora possam ter contribuído para que se tivessem propagado mais a norte, até à Península Ibérica, já que, por norma, os furacões acontecem mais a sul”.

“Os portugueses devem estar preocupados com estes dados sobre o mar”, salientou o especialista, realçando que quanto mais quente estiver a água, mais energia há disponível para alimentar as tempestades. “Quando uma onda de calor se junta a este aumento de temperatura, os furacões e tempestades tropicais podem intensificar-se.”

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