Robert F. Kennedy Jr. alerta para risco de guerra nuclear e critica apoio a Kamala Harris

Robert F. Kennedy Jr., antigo candidato presidencial dos EUA, lançou um sério alerta à população norte-americana sobre o perigo crescente de uma guerra nuclear. Kennedy Jr. afirmou que um voto em Kamala Harris nas próximas eleições presidenciais seria equivalente a “votar numa guerra nuclear”, numa declaração que fez na rede social X (anteriormente Twitter) esta quinta-feira.

Kennedy Jr. sustenta que o recente apoio de Dick Cheney, ex-vice-presidente dos EUA, à candidatura de Harris é alarmante. Segundo Kennedy, Cheney representa uma ala militar e de inteligência dos EUA que “deseja a guerra”, lembrando que ele “mentiu para começar uma guerra”, numa referência à invasão do Iraque em 2003, que foi justificada com base em acusações infundadas sobre armas de destruição maciça.

No seu vídeo, Kennedy Jr. comentou ainda o discurso de aceitação de Kamala Harris na Convenção Democrática de agosto, classificando as declarações da candidata sobre a Rússia como “beligerantes e hostis”. Para Kennedy Jr., as declarações de Harris demonstram que ela poderia ser facilmente manipulada por figuras que favorecem uma escalada militar, especialmente em relação ao conflito na Ucrânia.

“Se John F. Kennedy estivesse vivo hoje, ele estaria ao lado do Presidente Trump nesta questão,” afirmou Kennedy Jr., apoiando a posição de Trump, que defende uma negociação direta com o presidente russo, Vladimir Putin, para pôr fim à guerra na Ucrânia.

Em agosto, Vipin Narang, oficial do Pentágono, alertou para o que descreveu como “uma nova era nuclear”, assinalando que os EUA estão a enfrentar uma série de “desafios nucleares revisionistas” de várias nações. Narang identificou a Rússia como uma das principais ameaças, afirmando que Moscovo tem vindo a desenvolver armas nucleares de menor potência e que não estão cobertas por tratados internacionais.

Além da Rússia, Narang citou também as ameaças nucleares da China e da Coreia do Norte, e destacou a “crescente parceria” entre estes três países. Para o oficial do Pentágono, a simultaneidade destes desafios nucleares é inédita e exige que os EUA pensem em novas estratégias de contenção e dissuasão. A colaboração e alinhamento estratégico entre estas nações representa, segundo Narang, um fator de risco significativo para o equilíbrio nuclear global.

Declarações de Putin sobre o uso de armas nucleares

A Rússia tem emitido avisos frequentes sobre a possibilidade de uma confrontação nuclear com o Ocidente devido ao seu apoio à Ucrânia. Líderes como o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, e o ex-presidente Dmitry Medvedev descreveram a participação do Ocidente no conflito como uma “aventura suicida” e reforçaram que o uso de armamento nuclear continua “uma possibilidade”.

O próprio presidente Vladimir Putin declarou em setembro que Moscovo está a rever as suas diretrizes para o uso de armas nucleares, alertando que qualquer “agressão contra a Rússia por um Estado não-nuclear, mas com o apoio de um Estado nuclear”, seria interpretada como um ataque conjunto ao país. Putin acrescentou que qualquer ataque massivo com mísseis, aviões ou drones contra território russo poderia desencadear uma resposta nuclear.

Estima-se que a Rússia possui o maior arsenal nuclear do mundo, com cerca de 4.380 ogivas, superando as 3.708 ogivas detidas pelos EUA, de acordo com dados do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo.

China pede compromisso para desarmamento nuclear

Por seu lado, a China tem mantido uma postura menos agressiva, defendendo a necessidade de reduzir o risco de guerra nuclear. A 10 de outubro, Sun Xiaobo, diretor do Departamento de Controlo de Armamentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, exortou os países com armamento nuclear a aderirem a um acordo de “não-primeiro-uso” de armas nucleares, num debate nas Nações Unidas em Nova Iorque. Sun reiterou o apoio de Pequim a um mundo livre de armas nucleares, defendendo a destruição total dos arsenais existentes.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, sublinhou, numa declaração de meados de outubro, que a doutrina de “não-primeiro-uso” é uma “prioridade” para o controlo global de armas, uma posição que a China acredita que deve ser adotada como um consenso internacional.

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