Cidade colonial portuguesa perdida há 250 anos é encontrada na Amazónia

Uma equipa de arqueólogos brasileiros descobriu uma antiga cidade colonial portuguesa perdida há 250 anos, abandonada e completamente absorvida pela densa floresta amazónica. A descoberta, realizada no estado de Rondônia, revela não só a localização de uma povoação que se julgava extinta como também a existência de várias estruturas geométricas no solo, cujas funções ainda permanecem um mistério.

A investigação, liderada por Eduardo Góes Neves, diretor do Museu de Arqueologia e Etnografia da Universidade de São Paulo (USP), marca um avanço inédito no estudo das origens coloniais do Brasil e da história arqueológica na Amazónia. Segundo Eduardo Neves, em declarações ao portal Metrópoles, “a povoação foi abandonada, a floresta tomou conta dela e os blocos de pedra foram removidos”. Através de um mapeamento detalhado, a equipa conseguiu identificar o traçado original das ruas, o que Neves descreve como “uma descoberta fascinante”.

A pesquisa beneficiou do apoio de habitantes indígenas da região, que orientaram os arqueólogos no processo de mapeamento inicial da área. De seguida, a equipa utilizou tecnologia LiDAR, um sistema de deteção remoto que permite uma análise precisa do local sem necessidade de manusear ou alterar as estruturas antigas. Esta tecnologia possibilitou a visualização de formas geométricas surpreendentes, como quadrados, círculos e até mesmo estradas que cortam a povoação. Eduardo Neves explica que ainda não se sabe ao certo o propósito destas estruturas, que “podem ser áreas de cultivo ou locais de habitação”, e acrescenta que “será necessário regressar ao terreno para uma escavação mais detalhada e entender o seu real significado”.

O arqueólogo refere ainda que a descoberta deste tipo de alvenaria de pedra com raízes europeias tem um valor histórico significativo, apontando para um período crucial e controverso da história brasileira: a colonização portuguesa e o domínio do comércio transatlântico de escravos. “Estamos a encontrar sítios arqueológicos por todo o lado na região amazónica”, afirmou Neves. “A questão é o que fazer com eles”.

A equipa irá apresentar os primeiros resultados desta investigação no Museu da Amazónia, em Manaus, no contexto do projeto Amazónia Revelada, que reúne especialistas e promove a preservação da herança arqueológica da floresta. Uma das prioridades do projeto é garantir a proteção dos sítios históricos ameaçados, como destacou Neves num comunicado da Fundação de Pesquisa de São Paulo: “Queremos começar a registar estes sítios arqueológicos ameaçados de extinção para que possam ser protegidos como monumentos do património nacional”.

A relevância e o impacto desta descoberta representam um passo importante para a compreensão do impacto europeu na Amazónia e na história da colonização portuguesa no Brasil, além de evidenciar a necessidade de preservar e estudar as raízes arqueológicas da região.

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