Polícia alvo de emboscada perto do Bairro do Zambujal: ataque travado com disparos para o ar

Elementos da PSP foram atraídos para uma emboscada na madrugada desta terça-feira, revelou o ‘Correio da Manhã’, que indicou que os meios policiais foram alertados para uma invasão às instalações da AFID Geração, uma instituição de apoio a deficientes e idosos, próxima do Bairro do Zambujal, após um telefonema. No entanto, à chegada ao local, a polícia foi recebida por uma chuva de pedras, tendo sido necessário disparar para o ar para travar o ataque.

Segundo o jornal diário, um grupo com cerca de 30 e 40 elementos, sob o pretexto de “vingança e retaliação”, iniciou ao início dessa noite uma vaga de vandalismo, com fogo posto em caixotes do lixo e outro mobiliário urbano, que continuou na noite seguinte, com autocarros incendiados.

Desde a morte de Odair Moniz, de 43 anos, após ter sido baleado por um agente da PSP na madrugada da passada segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura (Amadora), a polícia têm recolhido dos telemóveis de testemunhas dezenas de vídeos, já na posse da Polícia Judiciária de Lisboa – as câmaras do sistema de videovigilância da Amadora estão inutilizadas na Cova da Moura.

“Distúrbios inadmissíveis”, garante Governo

Margarida Blasco, ministra da Administração Interna, deixou esta manhã uma mensagem de tranquilidade aos portugueses, na sequência dos desacatos violentos em Lisboa.

“A PSP, em articulação com todas as forças de segurança, estão desde a primeira hora a fazer todas as funções necessárias para repor a tranquilidade pública e o apoio às populações”, precisou a ministra, salientando que o Governo “acompanha permanentemente todos os desenvolvimento de todas as ações da polícia de prevenção e repressão de todos os que praticam estes atos”.

A ministra salientou ainda que esta noite esteve presente numa reunião de emergência do SSI (Sistema de Segurança Interna), fazendo especial menção “aos que estão a trabalhar para acabar com estes distúrbios inadmissíveis, que estão a impedir as populações de se deslocar para fazer a sua vida laboral normal ou acompanhar as crianças à escola”. “Tudo faremos para levar à justiça todos aqueles que têm atuado nestes distúrbios.”

“Estou em permanente troca de mensagens daquilo que é perfeitamente inadmissível que são estes atos de vandalismo, que põe em causa a ordem e segurança públicas”, referiu a ministra. “Quero garantir aos portugueses que as forças de segurança tudo farão para manter a ordem e deter aqueles que têm participado nestes distúrbios, sendo que já há três detidos.”

As três pessoas foram detidas no concelho da Amadora, duas por incêndio e agressões a agentes policiais e outro por incêndio e posse de material combustível.

Os desacatos têm sucedido desde segunda-feira após a morte de um homem baleado pela PSP na Cova da Moura e que se espalharam a várias zonas de Lisboa, nomeadamente Carnaxide (Oeiras), Casal de Cambra (Sintra) e Damaia (Amadora).

No bairro da Portela, Carnaxide, registaram-se disparos de tiros, alguns dos quais da parte da PSP, que utilizou balas de borracha e que já conseguiu entrar no bairro. Neste local, foi incendiado hoje à noite um autocarro, além de vários caixotes do lixo e uma viatura ligeira, disse fonte da PSP.

No concelho de Sintra foi arremessado um objeto contra a esquadra da PSP de Casal de Cambra, sem causar danos, acrescentou a fonte.

Na Damaia houve desacatos em várias ruas, nomeadamente o arremesso de petardos e de pedras na via pública, bem como fogo posto em vários caixotes do lixo.

Antes, ao início da noite, um autocarro tinha sido incendiado no bairro do Zambujal, onde decorreram pela segunda noite desacatos.

Além do policiamento no bairro do Zambujal, a PSP reforçou os meios em vários locais, concretamente nas denominadas Zonas Urbanas Sensíveis (Zus).

Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a direção nacional da PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial na Avenida da República, na Amadora, e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigem uma investigação “séria e isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias. De acordo com os relatos recolhidos no bairro pelo Vida Justa, o que houve foram “dois tiros num trabalhador desarmado”.

Na segunda-feira, o Ministério da Administração Interna determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito urgente e também a PSP anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da ocorrência. O agente que baleou o homem foi entretanto constituído arguido, indicou fonte da Polícia Judiciária.

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