Quem é que vai ganhar a corrida à Casa Branca? Nas casas de apostas já se ‘escolheu’ o vencedor
À medida que o dia das eleições presidenciais dos Estados Unidos se aproxima, os mercados de apostas já parecem ter escolhido o seu vencedor: Donald Trump. O ex-presidente dos EUA e atual candidato republicano surge como o favorito nas principais plataformas de apostas, com as suas probabilidades a atingir o ponto mais alto desde o final de julho.
Na sexta-feira, as probabilidades implícitas de Trump conquistar a presidência chegaram aos 59%, de acordo com análises das casas de apostas feitas pelo The Telegraph, marcando o valor mais elevado desde 30 de julho. Esse salto nas odds ocorreu apenas dois dias antes do início do processo formal de apoio à candidata democrata, Kamala Harris, por parte dos delegados do partido.
O avanço de Trump nos mercados de apostas reflete um cenário semelhante nas sondagens, que, apesar de ainda não apresentarem uma vantagem clara de qualquer um dos lados, mostram um estreitamento da diferença entre os dois candidatos. De acordo com uma análise do Telegraph, a nível nacional, Trump está agora a apenas dois pontos de Harris, tendo estado quatro pontos atrás da vice-presidente no mês anterior.
Nos sete principais estados decisivos — conhecidos como “swing states” —, nenhum dos candidatos tem uma vantagem superior a 1,5 pontos. No entanto, Trump já ultrapassou Harris em Michigan e Pensilvânia, estados onde as margens são mínimas, mas suficientes para garantir os votos necessários no Colégio Eleitoral e, assim, a vitória presidencial.
Esta vantagem nas apostas, portanto, espelha uma versão exagerada do que está a ocorrer nas sondagens. Ao mesmo tempo, o ambiente em torno da campanha de Harris parece estar a contribuir para uma narrativa pessimista, o que está a influenciar as probabilidades atribuídas ao seu sucesso.
O papel das apostas nas eleições
As probabilidades nas casas de apostas há muito que são consideradas um indicador importante da evolução das campanhas eleitorais. Os apostadores tomam decisões com base numa variedade de fatores que afetam o desempenho de um candidato, como as tendências nas sondagens e as narrativas mediáticas. Assim, qualquer mudança nos resultados das sondagens ou na forma como os media relatam a campanha pode ter um impacto significativo nos mercados de apostas.
No caso de Trump, as suas probabilidades superaram os 50% no dia 6 de outubro, segundo os dados da Betfair Exchange. Nesse mesmo dia, as sondagens começaram a mostrar uma vantagem ligeira, mas consistente, para o ex-presidente na Pensilvânia — um estado crucial com 19 votos no Colégio Eleitoral. A visita de Trump a este estado, o local de uma tentativa de assassinato em julho, também contribuiu para um pico nos seus números nas sondagens.
Com as probabilidades de vitória a situarem-se agora nos 53% para a Pensilvânia, este estado é amplamente considerado um ponto-chave na corrida para a Casa Branca. Além disso, Trump também é visto como favorito nos estados do Arizona, Carolina do Norte e Geórgia, onde as suas odds de vitória rondam os 70%.
No entanto, estas probabilidades são, em muitos casos, desfasadas das sondagens estaduais. Em estados como o Arizona, a Carolina do Norte e a Geórgia, Trump lidera nas apostas com apenas um ponto de diferença nas sondagens — uma margem tão pequena que pode ser considerada um erro estatístico.
Este desfasamento ocorre porque os mercados de apostas, especialmente as plataformas de troca de apostas, são altamente sensíveis ao movimento de dinheiro. Quando os apostadores acreditam que as probabilidades de vitória de um candidato são baixas em relação à sua real hipótese de sucesso, investem nesse candidato. Isso gera uma rápida mudança nas probabilidades, favorecendo aquele que recebeu mais apostas.
Os mercados de apostas também são influenciados pelas falhas das sondagens em eleições anteriores, como as de 2016, quando a maioria das previsões apontava para uma vitória de Hillary Clinton. Naquela altura, as sondagens indicavam uma vantagem de seis pontos para Clinton em estados como Wisconsin e Pensilvânia, e de dois pontos na Carolina do Norte. No entanto, Trump venceu em todos esses estados.
As probabilidades de Clinton nas apostas sugeriam uma probabilidade implícita de 80% de vitória, mas a confiança começou a desmoronar-se apenas após o encerramento das urnas, às 21h da noite das eleições, quando as odds começaram a mudar em direção a Trump.
Este erro nas sondagens deveu-se, em parte, à dificuldade dos investigadores em alcançar certos grupos demográficos, especialmente os eleitores republicanos, que eram menos propensos a responder aos inquéritos. Como resultado, as sondagens subestimaram o apoio a Trump.
Para as eleições de 2024, os analistas estão a utilizar dados das duas últimas eleições para tentar corrigir esses enviesamentos. No entanto, há o risco de que esses ajustamentos possam sobrevalorizar as hipóteses de Trump, especialmente se o entusiasmo pelo movimento “Make America Great Again” (MAGA) tiver diminuído desde a sua primeira campanha presidencial.
As margens de erro são sempre um fator a considerar nas sondagens, embora raramente sejam manchete. Segundo o Pew Research, um inquérito bem conduzido pode ter uma margem de erro de até seis pontos, para mais ou para menos, em relação à melhor estimativa. Isso significa que, mesmo com as melhores metodologias, as sondagens podem oferecer uma visão distorcida da realidade, como já foi demonstrado nas últimas eleições.