Irmão de Sinwar assume controlo militar do Hamas e pode ter nas mãos o futuro dos reféns israelitas

A morte de Yahya Sinwar, líder do Hamas, foi confirmada oficialmente 24 horas após o anúncio inicial por parte de Israel. Khalil Khaya, uma figura veterana dentro do grupo e apontado como possível sucessor de Sinwar, anunciou a “morte em combate” do líder, afirmando que os reféns só serão libertados se Israel cessar a sua ofensiva, retirar as suas forças e libertar prisioneiros palestinianos. A posição de Khaya reflete os princípios defendidos por Sinwar, que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, rejeitou há meses.

Com a morte de Yahya Sinwar, o seu irmão Mohamed Sinwar surge como a nova figura de destaque dentro do Hamas em Gaza. Mohamed, que agora assume o comando das Brigadas Al Qassam, braço armado do grupo, e é o principal responsável pela unidade que gere os reféns, pode ser a chave para eventuais negociações. Israel, que em menos de um mês eliminou os líderes do Hamas e do Hezbollah, continua a pressionar pela entrega dos reféns e pelo desarmamento total do Hamas.

Últimos momentos de Yahya Sinwar

Imagens captadas por um drone de vigilância israelita mostram os últimos momentos de Yahya Sinwar. Gravado na quarta-feira, ele é visto sentado, ferido, mas com energia suficiente para tentar atingir a aeronave com um objeto. Pouco depois, a casa onde se encontrava foi atingida por um tanque, e o seu corpo foi encontrado e identificado por uma patrulha israelita.

De acordo com o relato das Forças de Defesa de Israel (FDI), Sinwar morreu em combate na cidade de Rafah, refutando a ideia de que estaria escondido nos túneis, cercado por reféns utilizados como escudos humanos. Khalil Khaya, ao anunciar a sua morte, descreveu-o como um mártir que “caiu como um herói, avançando e nunca recuando, empunhando a sua arma e confrontando o exército de ocupação”. Em Khan Younis, terra natal de Sinwar, foi realizado um funeral em sua homenagem, o único ato público em Gaza, num dia marcado por intensos bombardeamentos israelitas, sobretudo no norte do território.

Apesar da morte de Sinwar, o conflito em Gaza está longe de terminar. Israel continua a exigir a libertação imediata dos reféns e o desarmamento total do Hamas, uma questão que permanece central nas negociações em curso.

Pressões para negociações

Tanto Israel como os Estados Unidos consideravam Yahya Sinwar o maior obstáculo a um possível acordo em Gaza, que poderia resultar na troca de reféns por prisioneiros palestinianos. Embora a Casa Branca tenha afirmado que não há novas negociações em andamento, o presidente Joe Biden sugeriu a Netanyahu que este seria um momento oportuno para buscar a paz e um futuro sem o Hamas em Gaza. Ao mesmo tempo, o Fórum das Famílias dos Reféns continua a pressionar o governo israelita para priorizar a libertação dos seus entes queridos. Netanyahu convocou uma reunião de segurança no Ministério da Defesa para analisar a nova situação, após a morte de Sinwar.

Com a eliminação de Yahya Sinwar, Mohamed Sinwar, de 49 anos, ganha protagonismo. Descrito como o sucessor natural nas Brigadas Al Qassam, Mohamed é agora apontado como o responsável pela “unidade da sombra”, encarregada de guardar os reféns. Este papel coloca-o no centro das potenciais negociações, enquanto líderes do Hamas no exílio, como Khalil Khaya e Khaled Meshal, podem estar a gerir as discussões a partir do Qatar. O Fórum das Famílias estima que 101 reféns ainda estão retidos em Gaza, mas o número exato de sobreviventes é desconhecido.

Apoio do Irão

A morte de Sinwar gerou reações imediatas de grupos pró-iranianos na região. O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, declarou que Sinwar “não temia a morte, mas buscava o martírio em Gaza”. O seu legado, afirmou, será uma fonte de inspiração para combatentes da resistência em toda a região, palestinianos e não só. O tom do comunicado ecoa as declarações dos Huthis, um grupo iemenita apoiado pelo Irão, que recentemente lançou ataques de mísseis e drones contra Israel.

O chamado “eixo da resistência”, que inclui grupos apoiados pelo Irão, sofreu duas grandes perdas em menos de um mês: a de Yahya Sinwar em Gaza e a de Hassan Nasrallah no Líbano. Estes golpes foram sentidos profundamente, mas os grupos continuam a lutar numa batalha que se intensifica em várias frentes e que poderá escalar ainda mais com a resposta israelita ao lançamento de 181 mísseis balísticos por forças apoiadas pelo Irão.

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