Portugal tem um dos sistemas de pensões menos sustentáveis do mundo

O mais recente relatório sobre sistemas de pensões a nível global, o Índice Mundial de Pensões 2024, revelou uma ligeira descida de Portugal no ranking mundial. O país ocupa agora a 22.ª posição, com preocupações crescentes sobre a sustentabilidade a longo prazo do seu sistema previdencial.

A 16.ª edição do Índice Mundial de Pensões (MCGPI), divulgada hoje pela Mercer e pelo CFA Institute, coloca Portugal na 22.ª posição a nível global. Apesar de ter obtido notas positivas em “Adequação” (83.4) e “Integridade” (85.7), a pontuação de 34.6 em “Sustentabilidade” coloca o país entre os sistemas de pensões menos sustentáveis, destacando desafios estruturais no futuro do sistema previdencial.

Com uma pontuação global de 66.9, ligeiramente abaixo do valor de 2023 (67.4), o sistema de pensões português mantém uma nota geral de “B”. Esta classificação significa que Portugal tem uma base sólida, mas precisa de reformas para enfrentar as suas fragilidades, especialmente no que toca ao equilíbrio entre as contribuições e o peso da dívida pública.

O relatório sublinha a necessidade de aumentar as contribuições para os sistemas privados de pensões e de reduzir o peso da dívida pública, essencial para garantir a sustentabilidade a longo prazo.

Estes temas são cruciais para Portugal, onde o envelhecimento da população e a diminuição da taxa de natalidade pressionam ainda mais o sistema previdenciário.

À semelhança do que se verifica noutros países, Portugal também enfrenta o desafio de adaptação à transição global para sistemas de contribuição definida. Este modelo coloca a responsabilidade diretamente sobre os futuros pensionistas, que nem sempre estão preparados para tomar decisões financeiras complexas.

“Perante o decréscimo da natalidade e o aumento da esperança média de vida, os sistemas de previdência estão no centro das atenções”, comenta Cristina Duarte, Principal da Mercer. “Garantir um forte alinhamento entre os regimes de pensões públicos e privados, alargar a cobertura dos colaboradores e incentivar uma maior participação da força de trabalho para aqueles que desejam trabalhar em idades mais avançadas, são apenas algumas das estratégias que permitirão melhorar a realidade dos pensionistas a longo prazo”.

A nível global, os Países Baixos lideram o ranking, com uma pontuação de 84.8, seguidos pela Islândia (83.4) e Dinamarca (81.6). O estudo abrangeu este ano 48 sistemas de pensões, representando 65% da população mundial, incluindo Portugal. O relatório identifica a importância de um planeamento financeiro mais robusto e da intervenção dos governos e legisladores para garantir a dignidade e qualidade de vida dos reformados.

O declínio de Portugal no Índice Mundial de Pensões reflete a necessidade urgente de reformas estruturais que promovam a sustentabilidade financeira do sistema. À medida que a população envelhece e as pensões públicas se tornam menos sustentáveis, o reforço dos sistemas privados e a criação de políticas públicas robustas serão essenciais para assegurar uma velhice com segurança e estabilidade para os pensionistas portugueses.