Nova estratégia explosiva da Ucrânia expõe calcanhar de Aquiles da Rússia, indicam especialistas

A Ucrânia tem feito mira a importantes depósitos de munição da Rússia: no entanto, os sucessos de Kiev em atingir as valiosas bases de munição do outro lado da fronteira são limitados pela recusa dos aliados ocidentais em dar luz verde para armas de ataque de longo alcance.

Desde o final do verão, Kiev tem intensificado os seus ataques a depósitos de munição, vitais para manter as armas e os sistemas de artilharia russos a funcionar, tanto dentro da Rússia como no território ucraniano controlado por Moscovo. É o caso de um grande depósito na vila de Sergeevka, na região russa de Voronezh, atacado por drones ucranianos – de acordo com o governador regional, Alexander Gusev, as defesas aéreas destruíram os drones ucranianos que chegavam, mas “quando caíram os seus restos, começou um incêndio num dos armazéns”: “começaram a detonar objetos explosivos”, revelou.

O governador russo emitiu uma declaração semelhante no final de agosto, dizendo que destroços de drones provocaram um incêndio, que então detonou “objetos explosivos” ao redor da cidade de Ostrogozhsk.

A agência de inteligência militar GUR da Ucrânia, que frequentemente está por trás dos ataques de longo alcance na Rússia, disse que os seus agentes “explodiram um grande depósito de munição” em Voronezh, onde estavam armazenados mais de 5 mil toneladas de munições, incluindo artilharia russa e munições de tanques, bem como mísseis terra-ar.

No início de setembro, a Ucrânia atacou um depósito de munição perto da vila de Soldatskoye, em Voronezh. O ataque destruiu munições fornecidas pela Coreia do Norte, destacou Andriy Kovalenko, funcionário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, na época.

Em pouco mais de uma semana, em meados de setembro, a Ucrânia disse que a sua marinha havia atacado um depósito de munição russo na cidade portuária de Mariupol, no sul do país, seguido por vários outros ataques relatados em locais de armazenamento de munições.

Estes são apenas alguns dos alvos atingidos. Para uma Ucrânia desarmada, mirar nessas instalações tem benefícios óbvios. Munição é essencial para ambos os lados no que se tornou uma guerra de atrito que dura há mais de dois anos e meio, sem um fim real à vista.

Os depósitos de munição de Moscovo têm sido maiores do que os stocks à disposição de Kiev, mas a Rússia ‘queimou’ o seu arsenal com o avanço da guerra. No entanto, Putin recebeu entregas significativas de munições da Coreia do Norte, que têm sido sentidas no campo de batalha. “As munições fornecidas pela Coreia do Norte são muito más para nós, e até agora não há nada que possamos fazer sobre isso”, referiu Kyrylo Budanov, chefe do GUR. “O pior problema que enfrentamos é o que vem da Coreia do Norte.”

Em declarações à revista ‘Newsweek’, o político Oleksiy Goncharenko garantiu que “é importante para a Ucrânia atacar instalações militares no território da Rússia”. “Estamos à espera que os nossos parceiros nos permitam atingir instalações militares russas com as armas que nos forneceram.

Sancionar esses ataques seria “a verdadeira viragem de jogo”, explicou Andrii Ziuz, ex-presidente-executivo do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia e atual chefe de tecnologia da empresa Prevail, sediada em Londres. “Perto das linhas de frente, os depósitos de munição são muito menores e mais dispersos”, apontou William Freer, investigador em segurança nacional no Council on Geostrategy, think tank sediado no Reino Unido. “Para a Ucrânia, mirar em depósitos de munição maiores, mais distantes da linha de frente, representa melhores oportunidades de destruir maiores quantidades de munição russa.”

O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), think tank sediado nos EUA, avaliou que quando a Ucrânia usou Sistemas de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade, ou HIMARS, fornecidos pelos EUA para atingir depósitos de munição russos em território ocupado há mais de dois anos, isso forçou Moscovo a expandir os seus locais de armazenamento e prejudicou a logística russa.

“As autoridades russas provavelmente estão preocupadas sobre como a mudança de depósitos de munição e outras instalações críticas de armazenamento para mais longe da linha de frente e fora do alcance dos sistemas fornecidos pelo Ocidente afetará as capacidades ofensivas russas na Ucrânia”, concluiu.

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