Historiadora Raquel Varela processa jornal Público e dirigentes do IHC por lhe apontarem erros ao CV. Exige 95 mil euros de indemnização

A historiadora e comentadora televisiva Raquel Varela iniciou dois processos judiciais contra o jornal Público e dirigentes do Instituto de História Contemporânea (IHC), exigindo indemnizações que totalizam cerca de 95 mil euros. A investigadora alega que o seu bom nome e reputação foram gravemente afetados por notícias e declarações relacionadas com supostos erros no seu currículo académico.

A controvérsia começou em setembro de 2021, quando o Público noticiou que o IHC, um instituto da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa, havia detetado erros no currículo de Varela, nomeadamente uma discrepância no número de artigos científicos que ela tinha declarado. De acordo com o jornal, o número real de publicações seria aproximadamente metade do que constava no currículo.

Um dia após a publicação, o IHC emitiu uma nota a confirmar essa discrepância, o que levou a que o instituto retirasse o seu apoio à candidatura de Raquel Varela a uma bolsa de investigação da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Este episódio, segundo Varela, foi decisivo para o fracasso da sua candidatura.

No entanto, mais tarde, a FCSH veio esclarecer que os erros apontados no currículo não comprometiam a sua validade nem a integridade académica da historiadora. Apesar dessa clarificação, Varela considerou que a sua reputação foi profundamente prejudicada pelos acontecimentos, e decidiu recorrer aos tribunais para responsabilizar os envolvidos.

Em novembro de 2022, Raquel Varela interpôs o primeiro processo judicial, exigindo uma indemnização de 45 mil euros ao Público, ao então diretor do jornal, Manuel Carvalho, e ao jornalista Samuel Silva, que assinou a notícia. A historiadora alega que a publicação da notícia prejudicou indevidamente o seu bom nome e reputação profissional.

Mais recentemente, em julho de 2023, a historiadora avançou com um segundo processo, desta vez contra os dirigentes do IHC, José Neves e Paulo Jorge Fernandes, exigindo 50 mil euros. Neste caso, Varela acusa os académicos de terem contribuído para a difamação da sua imagem ao confirmarem publicamente os erros no currículo e ao retirarem o apoio à sua candidatura.

Raquel Varela não se limita a acusar cada uma das partes individualmente. No seu Direito de Resposta, publicado após a polémica, a investigadora sugere que existiu uma ação coordenada entre o IHC e o Público com o objetivo de a prejudicar profissionalmente. Esta acusação de conluio faz parte dos argumentos que sustentam as suas ações judiciais, nas quais procura ser ressarcida pelos danos sofridos.

Contactados pela revista Sábado, os dois dirigentes do IHC, José Neves e Paulo Jorge Fernandes, recusaram-se a comentar o processo, uma postura também adotada pelo advogado do jornal Público, Francisco Teixeira da Mota.

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