Jornalistas são “bastardos sanguinários” e os media estão “possuídos pelo diabo”, acusa PM da Eslováquia

Robert Fico, primeiro-ministro da Eslováquia, classificou os jornalistas dos grande órgãos de comunicação social de “bastardos sanguinários”, ameaçando com novas medidas restritivas, incluindo um ‘watchdog’ dos media, o que tem valido críticas ao que foi classificado como censura do Governo.

O chefe de Governo eslovaco ficou furioso num entrevista coletiva esta terça-feira depois de um dos jornalistas presentes lhe ter perguntado sobre as tensões na sua coligação governamental, na sequência das críticas do presidente Peter Pellegrini, do parceiro da coligação ‘Hlas’, este fim de semana.

“Desde o primeiro dia dos resultados parlamentares, vocês não nos deixaram em paz por um minuto. Vocês foram como bastardos sanguinários contra nós”, acusou Fico, salientado que terminou qualquer comunicação com os principais veículos de comunicação eslovacos independentes ‘Denník N’, ‘Denník Sm’ e ‘Aktuality.sk’, que têm criticado o seu Governo.

“Vocês leem os vossos artigos? Não acho que leia… É puro ódio. [Os media] estão possuídos pelo diabo”, continuou Fico, culpando os jornalistas pelo ataque de maio último, depois de ter sofrido uma tentativa de assassinato. “Você só quer mal, mal e mal, é por isso que a atmosfera na sociedade é assim.”

Fico listou as várias medidas que o Governo poderia tomar contra os media, que, segundo ele, “faz o que quer… sem nenhuma responsabilidade” no país. “Chegará a hora em que teremos de agir”, reagiu Fico, acrescentando que há uma “confusão nos media” na Eslováquia que “não existe em nenhum outro país da UE”. Fico apoiou a ideia de estabelecer uma autoridade nacional dos media e sanções para jornalistas que não corrigem artigos erróneos, acrescentando que todos os jornalistas devem passar por cursos de requalificação.

Os media eslovacos têm estado sob pressão desde que Fico chegou ao poder pela quarta vez no outono do ano passado – o seu Governo eliminou a emissora pública ‘RTVS’ e a substituiu pela Televisão e Rádio Eslovaca (STaR), que os defensores da liberdade de expressão e as instituições da UE temem que possa ser simplesmente uma porta-voz do Governo.

Em 2018, durante o terceiro mandato de Fico como primeiro-ministro, o jornalista de investigação Ján Kuciak e a sua noiva Martina Kušnírová foram assassinados, desencadeando os maiores protestos no país desde a queda do regime comunista em 1989 e levando à renúncia de Fico.

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