Escassez de café e aumento de preços fazem soar alarmes. Europa só tem reservas para seis semanas

A Colômbia, o terceiro maior exportador de café do mundo, enfrenta um desafio inesperado. O aumento recorde dos preços do café em Nova Iorque, que atingiram 2,73 dólares por libra-peso, o valor mais alto desde 2011, forçou o país a recorrer a grãos importados para abastecer o mercado interno.

Mas a escassez de café não afeta apenas a Colômbia, também a Europa, onde os stocks, que anteriormente garantiam até 15 semanas de consumo, agora só cobrem seis semanas. Vanusia Nogueira, presidente da Organização Internacional do Café (OIC), alerta que o défice de produção global, combinado com a crescente procura, está a gerar uma escassez estrutural no mercado, revela ao ‘Cinco Dias’. Nos últimos dois anos, o consumo mundial foi de 21 mil milhões de quilos, enquanto os países exportadores forneceram apenas 133,8 milhões de sacas de 60 quilos.

A crise está a forçar mudanças no setor. A Almigran, por exemplo, ampliou o seu mercado para supermercados e padarias e começou a oferecer serviços de marca branca a outros distribuidores, numa tentativa de se adaptar à escalada dos preços. Além disso, países produtores de grande escala, como o Brasil e o Vietname, enfrentam sérios desafios climáticos, que ameaçam ainda mais a oferta global.

O aumento dos custos de produção, impulsionado pelas taxas de juro e pela nova legislação europeia sobre importações livres de desflorestação, que entrará em vigor em 2026, são alguns dos fatores que agravam a crise. Os preços subiram 57,2% desde outubro de 2023.

A situação é particularmente crítica no Brasil, onde a seca severa prejudicou a colheita de 2023, resultando num défice de cinco milhões de sacas. Enquanto isso, na Europa, a cadeia de abastecimento enfrenta atrasos, com quase dois milhões de sacas de café retidas nos portos brasileiros.

O mercado de café enfrenta um futuro incerto, com previsões de que, até 2050, as áreas ideais para o cultivo de café possam diminuir em 50% devido às mudanças climáticas. A pressão sobre os preços poderá continuar a crescer, afetando tanto os produtores como os consumidores.

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