Biden deve dar autorização à Ucrânia para usar mísseis Storm Shadow contra alvos em territórios russo, defende agência governamental dos EUA
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, enfrenta pressão crescente de uma agência governamental influente para autorizar a Ucrânia a disparar mísseis de longo alcance Storm Shadow contra alvos em território russo. A Comissão de Helsínquia dos Estados Unidos, que defende a política de direitos humanos e segurança na Europa, argumenta que permitir o uso desses mísseis contra a Rússia é uma medida “de senso comum” que ajudaria a Ucrânia a prevenir ataques russos contra alvos civis.
Apesar de pedidos constantes da Ucrânia e do Reino Unido para que seja revogada a proibição de utilizar os mísseis Storm Shadow em ataques contra a Rússia, Biden tem resistido à pressão para alterar esta política. Embora o primeiro-ministro britânico, Sir Keir Starmer, tenha manifestado apoio à medida de forma privada, a autorização final depende de Biden devido à natureza sensível do sistema de orientação norte-americano utilizado pelos mísseis.
Atualmente, os EUA forneceram mísseis balísticos de curto alcance Atacms à Ucrânia, mas mantêm uma restrição quanto ao uso desses mísseis em ataques transfronteiriços em solo russo. Esta postura tem sido um ponto de discórdia entre os aliados ocidentais.
Num relatório recente, divulgado na segunda-feira, a Comissão de Helsínquia, uma agência governamental independente e influente em questões de política externa e segurança, declarou que as decisões militares sobre a forma como a Ucrânia conduz as suas operações devem ser tomadas pelo próprio país. “As decisões sobre como a Ucrânia conduz as suas operações militares são, em última análise, da responsabilidade deles. O comando ucraniano entende que depende das armas e fundos ocidentais e, por isso, é improvável que faça algo que ponha em risco esse apoio vital”, afirmou a Comissão no seu relatório.
O documento acrescenta que “confiar que eles sabem como se defender e dar-lhes permissão para o fazer fortalecerá a confiança mútua e o sentido de autonomia da Ucrânia. A Ucrânia demonstrou, através dos seus ataques com drones em território russo, que a sua prioridade é atrasar o avanço russo sempre que possível. Devemos confiar na Ucrânia para usar as armas fornecidas pelos EUA para atingir esse objetivo e prevenir mais ataques horríveis de mísseis russos contra alvos civis.”
A Comissão defendeu ainda que a Ucrânia deve ser autorizada a atingir “quaisquer alvos militares legítimos na Rússia” e encorajou aliados como França e Alemanha a aderir a esta abordagem de “senso comum”.
Joe Biden tem-se mostrado relutante em permitir o uso de mísseis ocidentais de longo alcance em território russo devido a receios de que isso possa desencadear ataques letais por parte de Moscovo contra bases militares europeias e norte-americanas. Contudo, a Comissão de Helsínquia contestou esta avaliação, sugerindo que os receios de retaliação por parte da Rússia têm sido exagerados pelos decisores norte-americanos.
“Não se enganem — a Rússia continuará a brandir as suas armas nucleares para dissuadir outros países de apoiar a Ucrânia e para ameaçar a própria Ucrânia diretamente. No entanto, nenhuma destas ameaças se concretizou, mesmo após a violação de muitas das ‘linhas vermelhas’ russas ao longo dos anos”, salientou o relatório da Comissão. O documento acrescentou que é importante lembrar que a ameaça nuclear é uma das últimas ferramentas de influência da Rússia, remanescente da era soviética, e que as ameaças de Moscovo “não devem ser simplesmente ignoradas, mas devem ser respondidas com um raciocínio sólido.”
Conhecida também como Comissão de Segurança e Cooperação na Europa, a Comissão de Helsínquia é uma agência bipartidária que desempenha um papel importante na orientação das políticas de segurança e relações externas dos Estados Unidos, especialmente em questões que envolvem a Europa. Tem sido um dos mais fervorosos apoiantes da Ucrânia desde o início da invasão russa em 2022.