Os ‘vistos gold’ estão em crise? É assim que Portugal está a transformar o investimento estrangeiro

Os “vistos gold” têm-se tornado uma das soluções mais atrativas para os ricos que procuram uma segunda cidadania ou passaporte através de um investimento substancial. Programas como os de Portugal, Espanha, Grécia e Itália surgiram há mais de uma década, em resposta à crise da dívida europeia, permitindo a entrada de mais de 25 mil milhões de dólares em investimentos na Europa. Entre os países que mais beneficiaram, Portugal destaca-se, tendo recebido cerca de um terço desse valor.

O programa de “vistos gold” foi particularmente popular entre turistas, nómadas digitais e reformados que desejam residir em Portugal. No entanto, a crescente preocupação com a especulação imobiliária e a corrupção levou a uma pressão pública para reformular estas iniciativas. Consequentemente, vários países, incluindo Portugal, começaram a endurecer as regras, visando canalizar os investimentos para setores económicos subfinanciados e mais sustentáveis.

Num recente documentário da Bloomberg, “The Golden Migration May Be on Borrowed Time”, explora-se a transição dos vistos gold e como o seu futuro parece estar em risco. Governos, incluindo o de Portugal, têm adotado uma nova abordagem, promovendo fundos de investimento direcionados para áreas como a energia solar, agricultura e outras indústrias verdes.

Um exemplo desta nova tendência é a Tejo Ventures, cofundada por Julian Johnson, que viu na infraestrutura solar de Portugal uma oportunidade de investimento sustentável através do visto gold. “Estamos a usar o visto gold de Portugal quase como um cavalo de Troia para investir no clima”, disse a executiva.

A Tejo Ventures uniu-se à CleanWatts, empresa portuguesa que distribui o excedente de energia para comunidades locais. “Para nós, como país, este tipo de fundo traz muito valor”, afirmou Maria Benquerença, vice-presidente da CleanWatts.

Mesmo com a crescente procura por alternativas mais sustentáveis, a União Europeia mantém a pressão sobre os países-membros para endurecer as regras dos seus programas de vistos gold. Recentemente, Espanha anunciou o fim do seu programa para compradores estrangeiros de imóveis, enquanto a Grécia aumentou o valor mínimo de investimento para 800 mil euros em algumas zonas.

Em Portugal, o futuro do programa de “vistos gold” permanece incerto, mas a transformação já começou, com uma maior ênfase em investimentos que beneficiem o país a longo prazo, em vez de apenas inflacionar o mercado imobiliário. Com este movimento, Portugal poderá estar a redefinir o que significa atrair capital estrangeiro, priorizando o impacto social e ambiental sobre os retornos financeiros rápidos.

 

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