IA no turismo: Uma viagem rumo a uma melhor experiência de férias

Por Luís Monção, Diretor de Indústria e Consumo da Minsait, uma empresa da Indra, em Portugal

Imagine que abre o e-mail e encontra uma oferta de uma companhia aérea com a qual costuma viajar. A promoção é para um destino que já tinha pesquisado, o valor encaixa-se perfeitamente no seu orçamento, e o pacote inclui atividades que correspondem aos seus interesses. Tudo parece ter sido feito à medida das suas preferências.

Não é obra do acaso nem magia, mas sim a inteligência artificial (IA) que está a conquistar espaço no setor do turismo e a dar continuidade à transformação digital do setor, que já teve inicio há cerca de vinte anos. Estes avanços estão a modificar a forma como viajamos, proporcionando experiências mais personalizadas, que resultam de uma análise de dados mais profunda e estratégica.

Hotéis e companhias aéreas recorrem cada vez mais aos dados para, através de algoritmos e chatbots, identificarem com grande precisão, as nossas preferências, os destinos que nos interessam, o tipo de experiência que procuramos no alojamento e quais são as nossas  expectativas no destino. Através da IA temos ofertas turísticas cada vez mais personalizadas, mais acessíveis e diversificadas.

A digitalização do setor do turismo reformulou o conceito de agências de viagens e de pacotes de férias tal como os conhecíamos há dez anos. Esta transformação também impactou nos seus profissionais e levou à criação de novas oportunidades de trabalho, tais como programadores e profissionais especializados nestas novas tecnologias para, por exemplo, desenvolver e manter os sites onde habitualmente encontramos voos e quartos de hotel de forma intuitiva.

De acordo com o relatório Ascendant de IA um terço das empresas da indústria do turismo já estão a desenvolver casos de uso específicos, como sistemas de recomendação hiperpersonalizados, e oito em cada dez já utilizam inteligência artificial em alguma área específica das suas operações diárias. Embora seja um passo significativo ainda existe uma elevada margem para continuar a evoluir.

No entanto, ainda há uma diferença entre o conceito e a aplicação prática da IA. Por outras palavras, entre o que desejamos alcançar e o que de facto é possível fazer. No campo da tecnologia, é sabido que os projetos exigem tempo, e é necessário testá-los antes de decidir se devem ser mantidos ou abandonados. A barreira orçamental também é uma realidade, pois estes projetos, apesar de trazerem eficiência e ganhos a médio e longo prazo, envolvem um investimento inicial que nem todas as empresas têm a capacidade de o fazer.

Para além da criação de ofertas personalizadas para o “turista”, a IA também chegou aos hotéis através de avatares que, a partir do ecrã da televisão do quarto, são capazes de manter conversas fluidas com os hóspedes para propor atividades ou resolver dúvidas. A inteligência artificial também despertou interesse na restauração, especialmente através de robôs, que podem retirar os pratos no fim da refeição ou que preparam cocktails quando solicitados. Se há 30 anos dissessem aos nossos pais ou avós que isto iria acontecer, certamente diriam que isso só acontecia em  filmes como o Exterminador Implacável.

 

Turismo inteligente, turismo sustentável

O turismo deverá focar-se num crescimento mais sustentável, no que diz respeito à promoção de serviços e de ofertas. A inteligência artificial já tem e vai continuar a ter um papel essencial na adoção de práticas responsáveis na hotelaria, ajudando o setor a enfrentar os desafios ESG, com a implementação de sistemas inteligentes para a gestão ambiental nos hotéis.

Recentemente, e no âmbito do Dia Mundial do Turismo, assinalado pelas Nações Unidas a 27 de setembro, o Secretário-Geral da ONU António Guterres disse que “o turismo sustentável pode transformar as comunidades, ao gerar empregos, promover a inclusão e fortalecer as economias locais”.

A inteligência artificial está a redefinir o setor do turismo e a forma de atuar das empresas deste setor, com experiências mais personalizadas, eficientes e, acima de tudo, sustentáveis. O potencial é vasto e a próxima grande viagem não será apenas para um destino de férias, mas para um turismo mais inteligente e consciente, onde a tecnologia e a IA estão lado a lado para transformar a forma como exploramos o mundo.

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