Estarão os portugueses preparados para o euro digital?
Por João Paulo Gonçalves, Customer Experience & B2C Director no Cetelem – BNP Paribas Personal Finance Portugal
A transformação digital está a mudar muitos setores da sociedade, sendo por isso inevitável que exista uma adaptação por parte dos cidadãos. Estas mudanças têm sido desafiantes no sector financeiro, que tem sido um dos mais “revolucionados”, afetando as questões associadas às finanças pessoais, o que leva a uma necessária e constante adaptação dos consumidores.
Neste âmbito, avizinham-se potenciais mudanças num futuro próximo, com a possível implementação de um euro digital, um novo método de pagamento (ainda em fase de preparação por parte do Banco Central Europeu), que ficará disponível através de uma carteira digital, e permitirá aos consumidores fazer os pagamentos através de um smartphone ou de um cartão.
Mas será que os portugueses estão preparados para esta novidade? O mais recente estudo do Observador Cetelem revela que 86% dos portugueses não estão bem informados sobre o que poderá vir a ser este método de pagamento, mostrando alguma apreensão em relação ao tema.
Entre as preocupações suscitadas pela sua implementação destacam-se as relacionadas com a privacidade, a segurança cibernética e a exclusão digital. Paralelamente, há algum receio da total substituição do dinheiro físico, com 14% dos inquiridos a afirmar que seriam favoráveis a esta substituição e 45% contra. Recorde-se, porém, que esta possibilidade foi excluída do projeto em curso pelo BCE. De todo o modo, estas conclusões comprovam que um dos desafios da adaptação tecnológica são as resistências à mudança, muito devido à falta de informação.
Já quando contextualizados sobre como poderia funcionar este método de pagamento, os portugueses reconhecem-lhe vantagens, como uma maior conveniência e segurança nas transações; e manifestam predisposição para a sua adoção, com mais de metade a assumir que o poderia vir a adotar para as suas compras e pagamentos diários, em lojas físicas e online.
Ou seja, não há dúvida de que o euro digital pode vir a representar uma transformação no sector bancário, com vantagens em termos de comodidade para os consumidores. Porém, o sucesso da sua implementação terá de passar pelo equilíbrio entre inovação, segurança, inclusão e por mais literacia dos cidadãos, através da disponibilização de mais e melhor informação aos cidadãos por parte das autoridades competentes.